O Aeroclube do Espírito Santo, localizado na Barra do Jucu, em Vila Velha, completou 76 anos de existência nessa quinta-feira (7). Há mais de sete décadas, trilha uma história que dialoga com a construção social e política do Espírito Santo.
Fundado em 7 de maio de 1939, o Aeroclube iniciou sua sede no Centro de Vitória; mudou para o bairro da Glória, em Vila Velha, em 1956; e depois se instalou no local que permanece até hoje, na Barra do Jucu.
“O Aeroclube, na década de 40, passou pelo boom dos aeroclubes no Brasil. Nessa época existiam cerca de 400 clubes, todos muito bem amparados pelo governo, com bolsas de estudos para os alunos, auxílio combustível, ajuda financeira e diversos outros incentivos que impulsionavam a formação de bons profissionais da aviação. Tudo isso acontecia por causa da Segunda Guerra Mundial, o Brasil tinha interesse em formar pilotos que fossem bons para entrar numa possível ajuda a outros países”, lembra Alfredo Cesar da Silva.
Alfredo tem 80 anos de vida, 63 deles só de experiência e vivência no Aeroclube. “A primeira vez que tive contato com o clube não tinha nem 17 anos completos”, resgata ele. De lá até os dias atuais, ele já passou por diversas funções, foi aluno, instrutor de voo, presidente, e hoje integra o Conselho Deliberativo da Administração.
Na época da Segunda Guerra Mundial, Alfredo lembra-se das boas condições do aeroclube e da vontade em seguir na aviação, mas os plano mudaram após esse período histórico ser finalizado. “Com o fim da guerra o governo parou de incentivar os aeroclubes, muitos não tiveram estrutura firme para se manter. Acabei tenho que trabalhar em um emprego formal para conseguir viver, mas não larguei meu amor e minha ligação com o aeroclube”, conta Alfredo, que já deu aulas e trabalhou voluntariamente para manter viva a tradição da aviação no Estado.
Hoje, em meio a pouco mais de 100 aeroclubes no Brasil, o de Vila Velha segue entre os cinco melhores, de acordo com Alfredo. Crises existiram, muitas, mas em nenhum momento a administração pensou em desistir, como ele conta. Os cursos também nunca deixaram de ter boa procura pelos capixabas. Além dos tradicionais, como os de piloto privado e comercial, há o de comissário de bordo, instrutor de voo e, recentemente, o de piloto de helicóptero, focado na parte teórica.
Alfredo conta que já viu muita gente passar pelo aeroclube, bons pilotos e amantes do aeroclubismo, assim como presenciou as mudanças estruturais do ambiente. Toda essa experiência motivou ele a escrever um livro sobre o local, intitulado Aeroclube do Espírito Santo: 75 anos (foto à esq.), lançado no ano passado.
“Fiquei três anos resgatando a história do clube. Conversei com pilotos, ex-alunos, pessoas da administração, foquei na trajetória do aeroclube dialogando com o contexto capixaba de desenvolvimento. Fiz comparação com clubes e pude ver, junto com quem também vivência o local há anos, que o aeroclube daqui é forte estruturalmente, competente, e merecia esse registro histórico”, detalha Alfredo.
O resultado saiu exatamente como esperado, o livro conseguiu registrar a história, lembrar nomes, contar a trajetória do local e seus percalços. O objetivo não era financeiro, mas para que as pessoas ligadas ao clube pudessem ter um material de resgate das histórias que já aconteceram por lá.
Nesses 76 anos, o aeroclube mantém suas aulas, geralmente com formação de seis meses. Além disso, o espaço realiza ainda voos panorâmicos para quem queira conhecer a Grande Vitória de cima, de aeronave. “Fomos muito felizes em nossa estruturação como aeroclube, temos pessoas competentes envolvidas, e se depender do amor pelo aeroclubismo, vamos nos manter por muito mais tempo ainda”, comemora Alfredo.