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Cancelamento do BRT mostra o óbvio: Hartung elegeu-se sem projeto de mobilidade

Primeiro foi o Aquaviário; agora, o BRT (vias exclusivas para ônibus na Grande Vitória). À medida que os dias do novo governo Paulo Hartung passam, projetos consistentes para redefinir o padrão de mobilidade urbana da Grande Vitória ficam mais longe. A licitação do Sistema Aquaviário foi abortada em janeiro. No último fim de semana, o secretário estadual de Transportes e Obras Públicas, Paulo Ruy Carnelli, em entrevista à A Gazeta, jogou o BRT para escanteio. A crise econômica, claro, é a razão alegada.
 
Apresentados pelo próprio Hartung naqueles primeiros oito anos de governo, ganharam contornos mais sólidos com o ex-governador Renato Casagrande (PSB). O Aquaviário e o BRT são os principais projetos que poderiam garantir mais fluidez ao trânsito metropolitano. A anulação de ambos mostra o óbvio: Hartung elegeu-se sem projetos de mobilidade urbana e sim com propostas vagas do tipo: acelerar projetos em andamento, entre os quais a implantação do BRT. Deu-se exatamente o contrário de “acelerar”: frear. 
 
Em abril, durante o Seminário de Planejamento Estratégico o vice-governador César Colnago apontou para uma reestruturação dos projetos de Aquaviário e BRT, segundo condições de viabilidade que não esclareceu. As cinco linhas previstas para o Aquaviário foram reduzidas a uma. O BRT, então, foi reduzido à primeira fase. Três meses depois, voltou à estaca zero.
 
Conclusão: o debate público sobre mobilidade urbana na Grande Vitória, que parecia estar avançando, também retornou à estaca zero.  O que sobrou é a mesmice: obras de requalificação ou ampliação de vias, que, como ensinam os especialistas em urbanismo, têm prazo de validade restrito. Estão aí as intervenções garantidas por Carnelli: as obras do Portal do Príncipe, um túnel em Vitória, a ampliação da Avenida Leitão da Silva, a conclusão da Rodovia Leste-Oeste. 
 
O cancelamento do BRT, a “reestruturação” do Aquaviário e das obras do Portal do Príncipe – esta, para melhorar o acesso sul de Vitória, será mais acanhada que o projeto elaborado pela gestão Casagrande – podem respingar no caminho do prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS) à reeleição. 
 
Sem obras e projetos de vulto para apresentar à população, Luciano poderia pegar uma boa carona no BRT, Aquaviário e no Portal do Príncipe, uma vez que todos esses projetos passam pelo coração político-econômico do estado. 
 
Luciano abraçou efusivamente a todos: com o BRT, defendeu mais de uma vez a demolição de uma obra histórica da cidade – a Praça do Cauê, em Praia da Santa Helena – para receber o projeto; festejou o Aquaviário, assim como as obras do Portal do Príncipe, vista como fundamental para a melhoria do trânsito do Centro de Vitória. Na esteira desse projeto, aliás, a Prefeitura de Vitória lançou e está executando a restauração da Ponte Seca.

Disso tudo, restou a obra mais singela de todas: a ampliação da Leitão da Silva, que, com seus atrasos e inconvenientes a motoristas e comerciantes da região, também deve dar dor de cabeça ao prefeito em 2016.

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