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Sociedade civil realiza novo protesto em frente à Vale nesta segunda-feira

A população capixaba vai às ruas nesta segunda-feira (16) para responsabilizar mais uma vez a Vale pela tragédia humana e ambiental do rompimento das duas barragens da Samarco Mineração em Mariana (MG). O novo ato, agora com ampla convocação popular, se concentra às 17 horas na Universidade Federal do Estado (Ufes). O destino será a portaria da mineradora no final da Praia de Camburi, em Vitória. 
 
Assim como a intervenção artística dessa sexta-feira (13), realizada na portaria da Vale em Carapina, na Serra, o segundo ato é uma iniciativa do Frente Capixaba de Lutas, que reúne diversas organizações do Estado. No evento criado no Facebook, com o título “Não foi acidente, a Vale deve pagar”, já estão confirmadas a participação de 3.600 pessoas. A mesma mobilização será realizada no Rio de Janeiro. 
 
A Frente Capixaba reitera que trata-se de uma tragédia anunciada, com centenas de vítimas e decretação do fim do Rio Doce, que corta os municípios de Baixo Guandu e Colatina, no noroeste do Espírito Santo, e de Linhares, na região norte. 
 
“O rompimento dessas barragens foi um crime ambiental sem precedentes”, sentenciou o militante das Brigadas Populares, Sammer Siman.
 
A entidade denuncia ainda as contradições dos números oficiais, que registram até agora 637 pessoas atingidas diretamente, oito mortos e 22 desaparecidos, enquanto o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB-MG) afirma que mais de três mil pessoas estão desabrigadas.
 
As organizações sociais destacam que não há indenização e multa que paguem pelas vidas ceifadas, pela perda do patrimônio histórico, cultural e morte do Rio Doce, da fauna e flora das regiões atingidas. “A irresponsabilidade da empresa, a negligência do poder público e a ganância pelo lucro vitimaram a população e o ecossistema”. 
 
Em 2013, como lembra a Frente, o Ministério Público mineiro já havia indicado o risco de rompimento das barragens e impôs várias condições para a renovação da licença de concessão. Um ano depois, levantamento da Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais apontou que 40 barragens de rejeitos da região estariam de alguma forma sem segurança atestada. 
 
“Mesmo assim, a empresa continuou atuando, beneficiada pela flexibilização das leis ambientais, pelo descontrole da mineração no Brasil, pela negligência do poder público e pelas relações inescrupulosas entre empresas e políticos, que têm suas campanhas financiadas por grandes empresas como a Samarco/Vale”.
 
A entidade aponta que, nas últimas eleições, a Vale doou R$ 22, 6 milhões a partidos políticos e cobra posicionamento do governador do Estado, Paulo Hartung (PMDB), sobre a tragédia. “O silêncio do poder público revela que lado está o governo”, pontuou.
 
O protesto de segunda-feira reivindica a responsabilização completa da Samarco/Vale; negociação coletiva com o envolvimento das famílias atingidas; paralisação imediata dos processos de licenciamento de construção e manutenção de barragens; realização de consulta popular prévia para empreendimentos que interfiram no meio ambiente na dinâmica de comunidades; e que as mineradoras e demais empresas que exploram recursos naturais sejam 100% públicas, com controle social e popular.

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