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Mais um escândalo cabeludo

As primeiras investigações sobre os fundos previdenciários estatais (Petros, Previ, Funcef, Postalis) já resultaram em dezenas prisões de executivos que ocupam cargos preenchidos por indicação de partidos.
 
O caso dos fundos pode não ter a dimensão financeira do Petrolão, mas deixa o Mensalão no chinelo e, o pior de tudo,  tem repercussões econômicas múltiplas em vista do encadeamento dos seus investimentos, a maior parte deles voltada para projetos de infraestrutura (usinas hidrelétricas, portos, rodovias e ferrovias), executados a longo prazo por grandes empreiteiras.
 
Ao lado do BNDES, do BB e da CEF, os fundos de previdência de órgãos estatais se tornaram os principais financiadores do desenvolvimento brasileiro pela via keynesiana.
 
Falta descobrir se houve propina nas jogadas, mas os fundos perderam dinheiro em projetos atrasados da Eletrobras, Petrobras e particulares (Eike Batista, por exemplo), pois não tiveram a rentabilidade esperada/prometida e ainda pegaram mau tempo pela frente (inflação e recessão).
 
Quando um fundo de investimento comum perde dinheiro, o prejuízo recai sobre a cabeça dos aplicadores, que geralmente são poucos. No caso dos fundos de previdência, o dano atinge centenas de milhares de pessoas que contribuíram compulsoriamente durante a vida inteira na esperança de desfrutar de uma boa aposentadoria.
 
O que vai acontecer com milhares de ex-funcionários do Banco do Brasil que se aposentaram como gerentes, o topo da carreira bancária? Agora começa a pesar sobre a Previ (e outros fundos) o fantasma do enxugamento dos benefícios.
 
Lamentavelmente, tudo isso vem reforçar a tese neoliberal de que cabe ao Mercado tomar conta da economia, já que em diversos casos o Estado se revela mais bom gastador do que bom gestor.
 
Não apenas no Brasil,a experiência mostra que a prioridade dada ao lucro costuma provocar prejuízos ambientais sérios, atingindo até mesmo pessoas inocentes, como se viu no caso da Samarco, uma empresa originalmente privada comprada pela ex-estatal Cia Vale do Rio Doce, que só danou o grande rio mineiro-capixaba depois que foi privatizada.  
 
Há indícios que o governo-tampão de Michel Temer deseja expor as maracutaias dos grandes fundos estatais para favorecer os projetos reformistas liberais dos seus patrocinadores nacionais e internacionais – aves de rapina do capitalismo selvagem.
 
Não devemos esquecer que o assunto vem de longe. Recordemos o caso da Varig, que deixou um monte de gente na chuva. De escândalo em escândalo, vai se privatizando tudo, sem que a população fique bem atendida, como acontece na área da saúde e da previdência social, só para encurtar o causo.
 
LEMBRETE DE OCASIÃO
 
“Avante, ainda que seja aos tropeços”
(Lema de um portador do mal de Parkinson)

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