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Aula de cidadania

Estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), da rede estadual, servidores públicos e representantes de entidades sindicais foram às ruas nesta segunda-feira (24) protestar contra a PEC 241, que estabelece um teto para os gastos públicos, com o congelamento dos investimentos em saúde e educação por 20 anos. A proposta, que já foi aprovada em primeiro turno, retorna à Câmara nesta terça (25). 
 
O ato desta segunda – Dia Nacional em Defesa da Educação – aconteceu simultaneamente em diversas capitais brasileiras. Em Vitória, a manifestação mostrou o poder de articulação dos estudantes. Oito mil pessoas, segundo os organizadores (duas mil, de acordo com a PM), tomaram as ruas de Vitória e se concentraram em frente ao Palácio Anchieta, onde o ato foi encerrado. Durante a marcha ou discursando ao microfone, os manifestantes criticavam a PEC 241 do governo Temer, que representa o sucateamento da Educação.
 
Com o teto, até a universalização do ensino ficará comprometida. Com menos recursos, não seria possível sequer garantir o acesso à escola a todos os brasileiros com idades entre e quatro e 17 anos na escola. Sem contar os aspectos relacionados à qualidade da Educação, como a formação dos professores, prevista no Plano Nacional de Educação.
 
Não por um acaso, o protesto foi encerrado em frente à sede do governo do Estado. Os manifestantes também aproveitaram para mandar um recado para o governador Paulo Hartung (PMDB), que tem apoiado publicamente as medidas propostas pelo governo federal. 
 
Logo após o anúncio da PEC, o governador declarou ao G1: “Um dos caminhos para que o país saia dessa crise econômica que estamos vivendo é a reorganização das contas públicas. O desequilíbrio das contas trouxe consequências muito ruins para a sociedade, como a inflação, a queda de renda da população e o desemprego de mais de 12 milhões de pessoas. O custo social é muito grande. Defendo o apoio esta proposta”. 
 
A defesa intransigente da PEC 241 é uma tentativa de Hartung mostrar que a proposta lançada por Temer, de alguma maneira, foi inspirada no seu rigoroso ajuste fiscal, que também impôs cortes na Educação – sucateamento das escolas da rede pública estadual é resultado dessa política austera do governo do Estado. Desde 2015, Hartung vem repetindo que o modelo implantado no Espírito Santo poderia servir de “farol” para o Brasil. 
 
Ao assumir posição de fiador da 241, Hartung também herda o ônus da impopularidade que vem embutido na proposta. A força demonstrada no ato desta segunda-feira – uma verdadeira aula de cidadania dos estudantes – deve representar mais desgaste para o governador, que já anda com a popularidade em baixa.

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