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Professores e alunos do Ifes se surpreendem com poluição no extremo norte da Praia de Camburi

A poluição por esgoto na Praia de Camburi é fato notório entre os moradores da Grande Vitória. O passivo ambiental da Vale já não é tão conhecido dos capixabas, graças à conivência do poder público e aos esforços da empresa em mascarar sua incompetência com muita publicidade sobre sustentabilidade. Ambas as situações, no entanto, chocam a qualquer um que constate, in loco, a sua presença.

“Uma coisa e ouvir ou ler. Outra é ver ao vivo, sentir, tocar, ver os animais mortos, o pó preto. Foi muito impactante”, afirma o professor Antonio Donizetti. Um dos coordenadores do curso de Alfabetização Científica e Cidadania Socioambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), Donizetti levou, durante o último feriadão (12), mais uma turma de alunos para constatar in loco uma das questões estudadas no curso.

“Um dos objetivos é conhecer a cidade, com suas belezas e as suas contradições”, sintetiza o professor. “Foi impactante porque tudo o que a gente vai refletindo no nosso curso, ali fica muito claro: o esgoto, a morte dos rios, o minério de ferro, o passivo ambiental. Ao mesmo tempo que é o cartão postal da cidade, tem toda essa poluição”, relata Antonio, citando também a contradição da empresa, que vende uma imagem que em nada conflui para a poluição que não resolve.

Essas contradições ficaram ainda mais explícitas e revoltantes após palestra do ambientalista Rogerio Freitas, da ONG Juntos – SOS ES Ambiental, o Rogerinho do Pó Preto. O professor conta que a dinâmica do curso segue sempre a sequência de haver uma preparação, depois uma discussão sobre educação ambiental crítica, uma aula de campo e, finalizando, uma palestra e nova discussão sobre os fatos vivenciados.

As parcerias com as instituições da sociedade civil enriquecem o curso, na avaliação do coordenador, que desenvolve essas e outras aulas de campo sempre junto a alguma ONG, neste caso, a Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC).

O curso é um projeto de extensão que acontece há três anos no Instituto e é voltado para estudantes e lideranças comunitárias, que queiram conhecer melhor a cidade e se capacitarem para agirem como cidadãos ativos, participando de grupos que queiram melhorias para a cidade. “A falta de participação social é uma triste realidade na cidade”, lamenta o coordenador.

A longo prazo, a iniciativa objetiva formar uma geração preparada para desenvolver tecnologia sustentável, para que o País saia de uma condição econômica de basicamente exportar comodities. “Existem muitos talentos, com grande potencial, só precisam de incentivo”, salienta.

Paulo Pedrosa, da AAPC, afirma que os grupos que quiserem conhecer as contradições da Praia de Camburi podem entrar em contato com a ONG e agendar caminhadas ecológicas e outras ações. Em dezembro, serão feitas caminhadas até o Porto de Tubarão.

 

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