segunda-feira, setembro 15, 2025
22.9 C
Vitória
segunda-feira, setembro 15, 2025
segunda-feira, setembro 15, 2025

Leia Também:

Colnago e Majeski travam embate improvável em prestação de contas

A prestação de contas do exercício de 2016 do governo do Estado foi marcada por um embate improvável, na manhã-tarde desta quarta-feira (17), na Assembleia Legislativa, com uma acalorada discussão entre o governador em exercício César Colnago e o deputado estadual Sérgio Majeski. Um duelo entre tucanos em que ambos saíram, digamos, com algumas penas a menos.

 

Fred Loureiro/Secom
 
Majeski questionou, entre outros pontos, a inclusão dos inativos na contabilidade dos 25% da arrecadação determinados pela Constituição na Educação, alvo de uma denúncia do parlamentar à Procuradoria-Geral da República, que se transformou em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
Colnago começou a responder o questionamento, afirmando que o Estado aplicou 27% em 2016 e não gostou porque o deputado teria aberto um sorriso irônico durante sua fala. Colnago interpretou o riso como provocação e partiu para cima do correligionário, pedindo respeito. Afirmou que Majeski fazia discurso político apenas para ganhar visibilidade. Colnago deu sequencia à estratégia de tentar jogar os inativos contra o deputado, alegando que, sem a inclusão dos aposentados e pensionistas nos gastos com educação, eles ficariam desamparados.
 
A estratégia de Colnago tentava desqualificar a oposição do colega de partido, mas ficou a sensação de que o governo em exercício ultrapassou o limite da cordialidade, recurso que vinha esbanjando até então. Majeski reagiu na réplica. Ele também desqualificou a posição de Colnago, alegando que ele era apenas “o vice” e que não saberia responder pelo governador Paulo Hartung.
 
O deputado também subiu o tom, lembrando ao governador em exercício, que os aposentados não devem ser pagos dentro do bolo dos 25% da educação, já que a determinação é que esses recursos sejam para investimento e não para pagamento de inativos. O deputado destacou ainda que a categoria contribuiu em sua vida profissional com a seguridade social para garantir esse pagamento.
 
Em tom mais ameno, mas ainda duro, Colnago fez sua tréplica, ainda defendendo o governo, desta vez em relação ao fechamento de escolas e questionou o deputado se ele não via nada de bom nas ações do governo. Disse que o deputado vota contra “os pobres” ao rejeitar alguns projetos do governo.
 
O embate entre Majeski e Colnago causou um clima de constrangimento na Assembleia e acabou sendo clímax da prestação de contas. Isso porque esperava-se que justamente por serem do mesmo partido, as duas lideranças adotariam discursos mais diplomáticos. Mas ambos cumpriram os papéis ais quais se propuseram a exercer na prestação de contas. Colnago agiu como governo, defendendo veementemente as ações do Executivo. Já Majeski desempenhou o papel de oposição que passou a exercer desde o início de seu mandato e que neste ano o tucano manifestou publicamente.
 
Depois da intervenção de Majeski, o clima ficou tenso no Plenário. O deputado do PSDB deixou o local após o embate sem falar com ninguém. Colnago seguiu na prestação de contas, mas parecia um pouco abalado. O episódio chamou atenção do mercado político, que se indagava sobre qual seria o comportamento do governador Paulo Hartung sob pressão. O peemedebista nunca enfrentou um debate tão duro como o protagonizado por Majeski e Colnago.
 
Quando fora encurralado por deputados como Euclério Sampaio (PDT) ou a ex-deputada Brice Bragato (PSol), em mandatos anteriores, Hartung evitava o confronto, se limitando a dizer que as respostas estariam no Diário Oficial. Colnago não só topou o embate como tentou demonstrar que se sentia confortável para seguir debatendo, desde que o tom se mantivesse nos limites republicanos. 
 
As duas lideranças saíram ganhando do processo. Colnago se colocou em outro patamar na articulação política. É a terceira vez que o tucano assume o governo em momentos críticos e consegue se sair bem, mostrando conhecimento e capacidade de defesa da gestão. O deputado Sérgio Majeski se coloca como o nome de oposição qualificada que consegue tirar o governo da zona de conforto e trazê-lo para o debate político do Estado.
 
A dúvida que ficou nos meios políticos é sobre como a questão será digerida no PSDB, afinal, as duas lideranças do partido se digladiariam com transmissão ao vivo da Assembleia. O episódio ajuda a colocar fogo na discussão interna sobre a possibilidade de o partido vir a abrigar o governador Paulo Hartung para a disputa de 2018. A movimentação do governador ao lado do virtual presidenciável do PSDB Geraldo Alckmin, no último sábado (13), poderia ser um indício de tentativa de entrar no partido por cima, já que na estadual a questão é controversa.
 
Se de um lado o embate entre Colnago e Majeski fortalece o PSDB, porque enfatiza a liberdade dos filiados, de outro, aumenta as especulações sobre a divisão cada vez mais evidente no debate interno da legenda.

Mais Lidas