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Comunidade quilombola lança projeto de produção de banana, farinha, mel e viveiro

Banana, Farinha, mel e viveiro de plantas medicinais e madeiras-de-lei (Bafamel Viver). Essa é a receita da garantia de “emprego e liberdade” reivindicada pela Associação Quilombola de Pequenos Produtores Rurais do Córrego da Angélica (AQPCA).

A comunidade, localizada em Conceição da Barra (norte do Estado), luta para receber o reconhecimento formal como quilombola pela Fundação Palmares, entidade do governo federal responsável por certificar as comunidades quilombolas. Em visita oficial à localidade, no entanto, o representante da Fundação anunciou o arquivamento do pedido feito pela AQPCA, com justificativas contestadas pela entidade, em requerimento encaminhado à presidência da Fundação.

Em paralelo à luta pelo devido reconhecimento oficial, a AQPCA trabalha na preparação de meios de subsistência futuros da comunidade, tendo o Projeto Bafamel Viver como principal estratégia.

Com apoio de voluntários, o projeto tem sido desenvolvido há pouco mais de um ano e já tem estudos agronômicos que indicam ser suficiente para empregar todas as famílias da comunidade e mais cerca de 20 famílias de comunidades vizinhas.

“A banana pra nós vai ser o carro-chefe, que vai dar emprego e liberdade”, explica a presidente da Associação, Jurema Gonçalves. A proposta é fazer um cinturão de bananeiras próximo ao Córrego, para recuperá-lo da grave crise hídrica, beirando a mata. E produzir de forma agroecológica, livre de agrotóxicos.

Da banana a ideia é aproveitar tudo: do tronco, extrair a fibra e, do fruto, produzir o capelete, o pudim, a farinha de banana verde, o pão, a biomassa pra fazer o macarrão, e, claro, o próprio fruto in natura e maduro.

A farinha de mandioca já é tradicional na comunidade. “Mesmo quem não tem farinheira, faz a sua farinha em casa. Rala a mandioca, torce na toalha e torra. Já é uma coisa natural do quilombola”, conta Jurema. O projeto, no entanto, prevê a construção de uma farinheira comunitária, para uma produção comercial.

O mel já tem um produtor no Córrego da Angélica, de abelha sem ferrão. “É bom pras plantas”, explica Jurema. Além disso, o produto tem alto valor no mercado, em torno de R$ 120,00 o litro.

Já o viveiro irá produzir plantas medicinais, fornecendo matéria-prima para medicamentos já fabricados pelos moradores, como xarope, remédio de verme e pomadas. E também “toda aquela madeira que a gente hoje só ouve falar”, diz a líder quilombola, citando madeiras-de-lei que não praticamente se encontra mais na região, como peroba, jacarandá, macanaíba e jequitibá.

O lançamento do projeto será realizado na próxima quinta-feira (25), a partir das 14h, no CRAS Quilombola Negro Rugério, em Santana. Foram confirmadas presenças de políticos de esfera estadual e federal, que, como espera a comunidade, poderão se somar não só à viabilização, mas também à luta da comunidade pelo seu reconhecimento formal como quilombola do Sapê do Norte.

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