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Dia mundial da água de todos os dias

Nesta quinta-feira (22), o mundo celebrará o recurso natural mais importante que existe, a água – substância química primordial à existência da vida. Portanto, em tal alto gral de importância, a gestão da água determina a qualidade da vida de todos seres vivos.
 
Mas assim como a vida dos seres depende da água, a água depende de nós – seres humanos. 
 
E é justamente essa reciprocidade condicionante que esteia as novas recomendações da Unesco a todos gestores desse vital recurso: promover a “infraestrutura verde”, isto é, ampliar a qualidade ambiental, sobretudo junto a bacias hidrográficas, pois assim se amplia a qualidade, quantidade e o acesso à água. Vale ressaltar que essas orientações são complementares às orientações básicas que incluem reservatórios, canais de irrigação e estações de tratamento.
 
A orientação parece relativamente simples, mas quando a consideramos dentro da realidade brasileira, nos deparamos com um cenário assustadoramente atrasado. A intenção de abastecer a Vila de Regência Augusta, afetada pela contaminação do Rio Doce, com água de um poço também contaminado, exemplifica o baixo nível da questão no Espírito Santo.
 
Aqui na “terra dos colibris” a situação também é precária. A sorte dos beija-flores, quando comparados ao restante da fauna, é que eles bebem néctar ao invés da água do Rio Timbuí, que de tão poluído, nem timbuí (gambá-da-água) tem mais.
 
Nesse exato momento, Santa Teresa sedia uma semana de eventos em comemoração ao Dia Mundial da Água promovidos pela Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) em parceria com a Prefeitura Municipal. A programação inclui palestras nas escolas ministradas pela Cesan, seminários, plantio de mudas e exposição do lixo recolhido dos rios que cortam o município.
 
Educar quem ainda joga lixo no rio é importante, bem como educar as crianças, para que essa prática criminosa seja extirpada de uma vez por todas da sociedade. Tenho certeza que a pilha de lixo recolhida no evento será medonha. Eu mesmo sempre vejo lixo do rio quando visito o túmulo de meu pai, na Estação Biológica de Santa Lúcia. E quando o volume de água do rio sobe, o lixo fica preso nas margens. Sórdido!
 
Entretanto, resolver o problema do lixo sem cessar o despejo de esgoto é reprisar uma prática “ecalógica” bem conhecida pelo teresense. Nosso rio não pode ser limpo pela simples remoção do lixo, infelizmente. Verdade seja dita, o maior vilão é o esgoto lançado nos rios, juntamente com sua gestão obsoleta que impede a resolução dessa calamitosa situação ambiental.
 
Para se ter ideia, o contrato de prestação de serviço da Cesan no município feito em 1972 seguirá funcionando até 2022 com o amparo de insuficientes aditivos incluídos em 1997. Os reflexos dessa defasagem são diversos: a rede de coleta de esgoto está disponível para apenas 7 mil dos 12 mil habitantes da zona urbana se conectarem, mas apenas cerca de 3 mil domicílios estão ligados a ela; a cobrança de impostos pela disponibilização da rede também atinge moradores que não possuem rede de coleta disponível; a Cesan não disponibiliza para o município o mapeamento da rede de esgoto para que esse cumpra seu dever de fiscalizar os moradores.
 
Em audiência publica realizada neste mesmo ano para tratar o tema, a população foi comunicada sobre essas e outras dificuldades, junto à desanimadora notícia de que não se poderia fazer muito para resolver esses problemas em função da proximidade do prazo para submissão do projeto do plano de saneamento municipal. Todavia, o prazo foi estendido para 2022. Resta agora torcer para que a defasagem do saneamento básico da “cidade dos beija-flores” não se mantenha estagnada em 1972.   
 
Do passado, devemos buscar apenas aquela qualidade de vida das histórias que ouvimos de nossos pais e avós, que se banhavam e pescavam nas limpas águas que cortavam a cidade. Da inveja de ouvir as histórias! Acreditem, o rio já foi a “praia” das crianças teresenses. 

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