Uma nova espécie de peixe de riacho foi batizada com o nome Pareiorhaphis ruschii, em homenagem ao cientista e naturalista Augusto Ruschi. A espécie foi encontrada na bacia do rio Piraquê-açu e na sub-bacia do rio Timbuí, por ictiólogos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e da Universidade do Vale dos Sinos, ambas no Rio Grande do Sul, que trabalham na região da Reserva Biológica Augusto Ruschi.
Pareiorhaphis ruschii é o primeiro cascudo neoplecostomíneo do gênero Pareiorhaphis descrito de afluentes dos rios Piraquê-Açu e Reis Magos, ambos pequenas bacias costeiras do Espírito Santo, leste do Brasil.
O grupo dos cascudos, explicam os pesquisadores, são peixes que possuem boca em forma de ventosa, placas ósseas ao invés de escamas, capacidade de dilatar a pupila do globo ocular e cabeça achatada.
Essas espécies habitam diversas regiões dos rios e geralmente são encontradas mais próximos onde as águas são mais correntes, o que proporciona maior nível de oxigênio diluído. Têm seu nome em português “cascudo”, devido à couraça que recobre seus corpos.
Para os pesquisadores, nomear a nova espécie com o nome do naturalista foi a forma encontrada para reconhecer o incansável esforço de Augusto Ruschi para criar a área de conservação da Reserva Biológica, assim como suas notáveis contribuições para o conhecimento dos beija-flores da Floresta Atlântica.
A espécie foi batizada pelos ictiólogos Edson H.L.Pereira, Pablo Lehmann A. e Roberto E. Reis. O material foi coletado por Rogerio Teixeira, que tem contribuído de forma fundamental para o conhecimento dos peixes de água doce capixaba.
Agitador ecológico
Mundialmente conhecido, Augusto Ruschi (1915-1986) fundou em 1949 uma das principais instituições ligadas ao patrimônio natural do País. Com sede em Santa Teresa (região serrana do Estado), o Museu de Biologia Mello Leitão controla duas estações biológicas: Santa Lúcia e Caixa D' água, localizadas no mesmo município.
Desde menino, ele caminhava pelas matas e arredores de Santa Teresa, onde nasceu, colecionando e observando plantas e insetos. Aos 18 anos já organizava cientificamente suas coleções, formando o que viria ser parte significativa do acervo do museu. Em 1937, contratado pelo Museu Nacional, foi trabalhar com Cândido Firmino de Mello Leitão, seu professor e amigo, a quem homenageou com o nome do museu.
Ao longo de sua vida, Ruschi identificou, registrou e catalogou centenas de espécies de animais e vegetais, principalmente beija-flores, morcegos e orquídeas. Teve destacado papel na criação de parques e reservas do Estado, na contenção do desmatamento e no alerta à população sobre o impacto ambiental dos grandes projetos industriais.