Quarta, 24 Abril 2024

Chegada do inverno preocupa: caos e mortes continuam no Heimaba

Chegada do inverno preocupa: caos e mortes continuam no Heimaba

Em 17 de maio deste ano, um relatório com dados oficiais da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ao qual Século Diário teve acesso chocou os capixabas. O documento indicou que, no período de seis de outubro até 22 de dezembro de 2017, quase 30 recém-nascidos morreram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Estadual Infantil de Vila Velha, o Himaba. De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, indicado por próprios trabalhadores da unidade no relatório, boa parte por infecção generalizada. Passado pouco mais de um mês, a situação no hospital não mudou e o pior: com a chegada do inverno, a preocupação é de que as mortes aumentem ainda mais.   


Além disso, outras denúncias estão vindo à tona. Informações repassadas por fonte com trânsito dentro do hospital indicam que o Instituto de Gestão e Humanização (IGH), Organização Social da Bahia contratada pelo governo do Espírito Santo para administrar a unidade desde setembro do ano passado, não tem quitado dívida com fornecedores, sucateado o corpo clínico, além de ter repasses retidos por apresentar relatórios de prestação de contas inconsistentes. Por meio de carta, a fonte relata que o cenário de caos não cessou: 


“Todos nós sabemos que o inverno começou e, com início dessa temporada, aumentam os números de doenças infecciosas e pulmonares. Quem vem sofrendo muito são os recém-nascidos. O Himaba sempre foi referência no tratamento Neonatal; contudo, agora, a Organização Social IGH que administra o hospital está com problemas sérios. A instituição sucateou o corpo clínico do hospital, banalizou seu serviço de hospitalidade, e tem dado problemas a seus fornecedores de materiais hospitalares. Hoje a organização já deve muito vários fornecedores, que, não aguentando mais as falsas promessas de pagamento, têm protestado sucessivamente a instituição. Uma vergonha muito grande para o governo de Paulo Hartung, que levantou de início a bandeira da honestidade e do pagamento em dia de seus funcionários e fornecedores”, relata.


E continua: “Fontes internas do hospital nos informaram que o IGH está sem receber da Sesa por conta de irregularidades e de prestações de contas malfeitas e sem metodologia científica comprovada. Por isso, a Secretaria tem glosado suas contas, o que tem ocasionado o colapso dos serviços no hospital e um grande número de mortes de recém-nascidos. Partindo do princípio que o hospital é do Estado, é o Governo do Estado quem contrata a organização social; então, o secretário de Estado [Ricardo de Oliveira] é o seu responsável solidário. Uma vergonha! Nosso governador poderia passar sem essa. Os profissionais da saúde estão de luto por conta do serviço dessa organização criminosa que atua no estado Espírito Santo”.


Denúncias reiteradas


A diretora de Condições de Trabalho e Saúde do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Estado (Sindasaúde-ES), Cynara Azevedo, atesta que todas as informações são verdadeiras. “Essa fonte não fala mentira nenhuma. Com a chegada do inverno, estamos preocupados, pois a tendência é que a procura pelo hospital aumente, assim como as mortes”. Segundo a diretora, o Sindicato também recebeu duas denúncias anônimas de fornecedores que não estão recebendo do IGH, da mesmo forma que glosas também já foram identificadas no Portal da Transparência do Estado. 


Antigos e atuais trabalhadores, incluindo médicos que atuaram na UTI e o Sindsaúde-ES elencam outros fatores para as mortes do Infantil de Vila Velha, como a iatrogenia (aplicação equivocada de remédios) e também a não administração devida dos medicamentos, além de descuidos com diversos protocolos, incluindo os de higienização. Para eles, há negligência do IGH. 


A fonte reclama ainda do secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira: “pelo que já consta, não tem experiência alguma, nem nunca teve passagem por gerência de instituição de serviços de saúde. Fornecedores relatam dificuldades de falar com seus gestores, pois, segundo a direção do órgão que fica no Espírito Santo, a instituição não possui telefone celular de seus superiores que ficam sediados na Bahia”.

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