Sábado, 20 Abril 2024

Colnago retira seu nome da disputa ao governo e esvazia ainda mais o bloco

Colnago retira seu nome da disputa ao governo e esvazia ainda mais o bloco

O bloco interpartidário de sustentação ao governo, formado depois da desistência à reeleição do governador Paulo Hartung, sofreu mais um revés nesta sexta-feira (20), com a retirada do nome do vice-governador César Colnago (PSDB) da disputa. 


Sem muitas opções, o mais cotado para entrar no lugar dele é o professor e empresário Aridelmo Teixeira (PTB), estreante na política e nunca testado nas urnas, que era o vice na chapa do Colnago, formada para unificar o grupo e evitar a debandada que começa a acontecer. 


O clima do “salve-se-quem-puder” aumenta com a proximidade do término do prazo das convenções partidárias, em 5 de agosto. Até lá, deverão estar definidos os nomes dos candidatos e os cargos pretendidos. Uma das lideranças que fechou com Renato Casagrande (PSB) é o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT). 


Outro cenário que se forma com a saída de Colnago é a possibilidade de o senador Ricardo Ferraço, também do PSDB, migrar para o grupo do ex-governador Renato Casagrande (PSB), que lidera as pesquisas na corrida ao Palácio Anchieta, um dos motivos para a desistência de Hartung entrar na disputa. Ferraço e Casagrande já conversam, mas aguardavam uma definição do PSDB antes do fechamento de uma aliança.  


Ao anunciar a desistência à reeleição, no dia 9 deste mês, Hartung tentou emplacar substitutos para a disputa ao governo, primeiramente o deputado Amaro Neto (PRB), o que acomodaria o senador Ricardo Ferraço (PSDB), candidato à reeleição, depois o próprio Ricardo. 


Ambos recusaram o convite, temerosos de embarcar a fundo no barco do governo, desgastado e com o líder recheado de problemas de toda ordem, pessoais e comuns ao próprio cargo que ocupa pela terceira vez e já sem a unanimidade registrada no passado. 


Ao delegar a interlocutores o comando das articulações partidárias, depois que desistiu da reeleição, assumindo uma postura de esfriamento na participação direta do processo eleitoral e se voltar para exercer influência na composição do Tribunal de Contas, o governador Paulo Hartung (MDB até quando?) contribui para ampliar o esvaziamento do seu bloco partidário. 


Com esses gestos, demonstra que seus projetos passam longe do processo eleitoral e se acoplam na construção de instrumento de defesa de seu legado político, como o controle do Tribunal de Contas, que irá analisar a lisura de sua gestão.


Nesta sexta-feira, esse objetivo ficou claro, com declarações de Hartung  à imprensa em defesa do presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (PRB), que pretende declarar vago o cargo ocupado no Tribunal pelo conselheiro Valci Ferreira, afastado e preso por corrupção. 


O ato de Musso ocorre no momento em que outro conselheiro, José Antonio Pimentel,  também afastado por corrupção, pede aposentadoria, ao mesmo tempo em que são registrados movimentos de Musso no sentido de indicar o líder do governo na Assembleia, Rodrigo Coelho (PDT), para o Tribunal. Ter mais dois aliados no Tribunal de Contas, para Hartung, não é nada mal.


No caso de Valci, a questão é polêmica, necessitando uma análise mais apuada, a fim de definir se o Tribunal pode ou não afastá-lo, administrativamente, já que a sentença judicial deixa claro que o asfastamento só deve ser após o trânsito em julgado, ou seja, sem mais possibilidade de recursos. O argumento é que o crime por ele cometido foi antes de ocupar o cargo de conselheiro. 


A saída de Colnago confirma que a composição do grupo de 10 partidos, base de sustentação, já não existe, apesar das informações otimistas do porta-voz Neucimar Fraga (PSD), candidato a deputado federal, que não refletem o verdadeiro cenário.  A migração tem como destino os comitês de Casagrande e da senadora Rose de Freitas (Podemos), a terceira colocada nas intenções de voto ao governo do Estado. 


É um cenário que mostra Hartung sem ânimo para encarar a questão partidária e, assim, usa de aliados como o presidente da Assembleia para construir estruturas capazes de defender o legado e garantir uma boa imagem como gestor público.


O avanço de forças da oposição, no entanto, não oferece um campo propício para ele se autodenominar como “salvador da pátria”, como ocorreu em algumas ocasiões em que apareceu como única alternativa capaz de administrar o Estado. Agora é cada um por si, o bloco interpartidário esfacelou-se. 


Colnago sem rumo



Incensado por Paulo Hartung como “o melhor vice-governador do Brasil”, cotado para sucedê-lo, e indicado para liderar o bloco depois da desistência à reeleição, o vice-governador Cesar Colnago, presidente estadual do PSDB, chega ao final do processo de articulações sem saber qual será seu futuro político e com a candidatura à Câmara Federal ameaçada. 


Para justificar sua saída da frustrada tentativa de unificar o bloco formado para dar sustentação a Hartung, Colnago divulgou nota na tarde desta sexta-feira (20) em que afirma ter realizado, nos últimos dias, "um esforço junto a um grupo de partidos que compõem a base aliada, com o objetivo de construir uma chapa que representasse a convergência de forças políticas que deu sustentação ao projeto do nosso governo”. 


Colnago informa que durante todo este período das tratativas, o que se viu “foi um diálogo de muito respeito entre todos os dirigentes partidários, na busca pela construção de uma ampla aliança. Entretanto, não foi possível chegar a um consenso para o alinhamento dos partidos numa formação que contemplasse os inúmeros parceiros no mesmo projeto”.


Desta forma, retirei meu nome como opção para a disputa ao governo. Assim, reafirmamos nosso compromisso com os princípios da democracia e os valores republicanos e sigo dialogando para contribuir da melhor maneira com o Espírito Santo e os capixabas", diz a nota. 

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