Quinta, 25 Abril 2024

Moradores da Piedade protocolam pedido de reunião com a Secretaria de Segurança

Os moradores do Morro da Piedade, no Centro de Vitória, protocolaram nesta quarta-feira (26), na Secretaria de Estado de Segurança (Sesp) e prefeitura, um documento com suas demandas e solicitando uma reunião para que gestores públicos ouçam a comunidade sobre seus anseios. No encontro do último sábado (23), somente a gestão municipal compareceu, o que resultou na decisão de não ceder ao governo as áreas do telecentro e do Centro de Vivência, localizadas no pé do morro, para a instalação de um posto da Polícia Militar. 



A comunidade reagiu contrária ao projeto, uma vez que sequer foi consultada sobre, e também porque deseja que a base da PM seja instalada na parte mais alta do bairro. 


De acordo com representantes da ONG Raízes da Piedade, o fato de a Prefeitura ter recuado na decisão foi uma vitória, mas não total. “Ganhamos o primeiro tempo; agora temos o segundo. A luta continua porque a Sesp precisa nos ouvir. Eles não abrem nenhum canal de dialogo e, assim, fica difícil”, disseram. Por meio da fanpage da entidade, mais informações: “Agora, estamos vigilantes quanto à escolha do local de construção da base da Polícia". 

Para o coordenador do Círculo Palmarino, Lula Rocha, a desistência de instalar a base no Centro de Vivência é fruto da mobilização da comunidade. “A Piedade deu o recado que não admitirá que decisões sejam tomadas sem levar em consideração a opinião dos moradores. Esperamos que a cúpula da segurança pública tenha aprendido a lição e abra um canal de diálogo pra decidir conjuntamente onde a base será instalada, bem como para discutir as outras reivindicações da comunidade”, destacou.


No próximo domingo (1), a partir das 9h30, a comunidade se reúne para realizar uma Caminhada pela Paz, que contará com uma celebração ecumênica, na capela São Vicente de Paulo, na parte alta do Morro. De acordo com as Raízes da Piedade, o evento, além de celebração, também será uma forma de manifestação. 


Coletiva de Imprensa


No dia 18 deste mês, representantes de ONGs que atuam no Morro da Piedade e moradores foram surpreendidos com uma coletiva de imprensa, convocada pela Secretaria de Estado da Segurança, que anunciava o suposto novo local para implantação da base da PM como sendo as áreas do telecentro e do centro de vivência. O Instituto Raízes, ONG que realiza trabalhos sociais no bairro, considerou a coletiva um espetáculo midiático, além de total falta de respeito com a comunidade. 


Numa reunião no dia 15 deste mês, a Prefeitura de Vitória havia se comprometido que o telecentro e o Centro de Vivência da comunidade, únicos locais que a comunidade tem para acessar internet, elaborar trabalhos escolares e se socializar, seria potencializado com atividades socioculturais. “É fácil, tirar pirulito da mão de criança. E é justamente isso que o Estado tenta fazer. Além da falta de diálogo e de sensibilidade, a comunidade é vítima da intervenção estatal autoritária e da ausência de políticas públicas eficazes”, disse por meio de nota publicada em suas redes sociais.


Moradores deixam a comunidade


Desde o ano de 2010, quando os conflitos do tráfico se intensificaram no bairro da Piedade, no Centro de Vitória, 203 pessoas deixaram a comunidade, o que corresponde a 60 residências desocupadas. Os dados foram divulgados pelo Grupo Raízes da Piedade no dia 15 deste mês. Apenas neste ano, segundo a organização, 128 pessoas se mudaram do bairro, o que representam 40 casas vazias desde janeiro; dados atualizados no último dia 18. 


Neste ano, pelo menos, quatro jovens foram assassinados no morro, incluindo os irmãos Damião, 22 anos, e Ruan, 20, crimes que alcançaram grande repercussão no final de março deste ano. Neste mês, Walace de Jesus Santana, 26 anos, foi a vítima mais recente. Foi assassinado próximo ao projeto social Raízes da Piedade, cancelando uma festa junina prevista para o domingo (10). Além do assassinato, os criminosos invadiram a casa da mãe do jovem, onde também morava sua avó de 93 anos, e colocaram fogo nos cômodos. Além dos três jovens, Lucas Teixeira Verli, de 19 anos, por sua vez, foi assassinado no dia 28 de maio. 

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