Moradores do Morro da Piedade realizam Caminhada pela Paz neste domingo
“Cada palavra e o caminhar pelo morro foram emocionantes. No caminho, reencontramos as pessoas, ouvimos as demandas, vimos as casas abandonadas e o vazio de muitos pontos”. Com essas palavras, o representante da ONG Raízes da Piedade, Jocelino Júnior, resumiu o sentimento da Caminhada pela Paz, evento realizado neste domingo (1) no bairro, que contou ainda com um culto ecumênico, e também teve um tom de protesto. A comunidade continua aguardando resposta da Secretaria de Estado da Segurança (Sesp) sobre pedido de reunião protocolado semana passada na Secretaria.
Os moradores querem ser ouvidos pelos representantes do Estado sobre o local para instalação do posto policial. O desejo da maioria é que a base seja montada na parte alta do Morro da Piedade. Participaram da Caminhada Pela Paz cerca de 50 pessoas, além de moradores, integrantes de movimentos sociais e lideranças religiosas, sobretudo ligadas à Igreja Católica. Houve também apresentação do grupo de dança Griôs.
"Não, a Caminhada pela Paz hoje não foi na orla de Camburi. Não contou com a presença dos políticos tradicionais e tampouco gerou a repercussão que merecia. Mas sim, foi um momento significativo e potente em que a comunidade da Piedade novamente mostrou sua força. Gratificante participar deste momento", disse o coordenador do Círculo Palmarino, Lula Rocha.
Num encontro realizado no último dia 23 deste mês, somente a Prefeitura de Vitória compareceu, o que resultou na decisão de não ceder ao governo as áreas do telecentro e do Centro de Vivência, localizadas no pé do morro, para a instalação de um posto da Polícia Militar. A comunidade reagiu contrária ao projeto anunciado em coletiva de imprensa pelo governo do Estado, uma vez que sequer foi consultada sobre, e também porque deseja que a base da PM seja instalada na parte mais alta do bairro.
De acordo com representantes da ONG Raízes da Piedade, o fato de a Prefeitura ter recuado na decisão foi uma vitória, mas não total. “Ganhamos o primeiro tempo; agora temos o segundo. A luta continua porque a Sesp precisa nos ouvir. Eles não abrem nenhum canal de diálogo e, assim, fica difícil”, disseram. Por meio da fanpage da entidade, mais informações: “Agora, estamos vigilantes quanto à escolha do local de construção da base da Polícia".
Moradores deixam a comunidade
Desde o ano de 2010, quando os conflitos do tráfico se intensificaram no bairro da Piedade, no Centro de Vitória, 203 pessoas deixaram a comunidade, o que corresponde a 60 residências desocupadas. Os dados foram divulgados pelo Grupo Raízes da Piedade no dia 15 deste mês. Apenas neste ano, segundo a organização, 128 pessoas se mudaram do bairro, o que representam 40 casas vazias desde janeiro; dados atualizados no último dia 18.
Neste ano, pelo menos, quatro jovens foram assassinados no morro, incluindo os irmãos Damião, 22 anos, e Ruan, 20, crimes que alcançaram grande repercussão no final de março deste ano. No mês passado, Walace de Jesus Santana, 26 anos, foi a vítima mais recente. Foi assassinado próximo ao projeto social Raízes da Piedade. Além do assassinato, os criminosos invadiram a casa da mãe do jovem, onde também morava sua avó de 93 anos, e colocaram fogo nos cômodos. Além dos três jovens, Lucas Teixeira Verli, de 19 anos, por sua vez, foi assassinado no dia 28 de maio.
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