Quarta, 24 Abril 2024

Morros da Capital vivem confrontos com tiroteios e moradores acuados

Morros da Capital vivem confrontos com tiroteios e moradores acuados

Não é apenas o Morro da Piedade, na Capital, que tem sido palco de uma violência desenfreada. Moradores de outras regiões periféricas relatam uma situação de caos em confrontos que estão sendo travados há dias em bairros como Alagoano e Caratoíra, ambos na região da Grande Santo Antônio. Os relatos indicam tiroteios e confrontos entre envolvidos no tráfico e policiais, o que tem deixado moradores acuados. Para entidades, falta políticas de prevenção ao crime nas regiões, além de investimentos em infraestrutura e projetos de cunho social e assistencial. 


Uma postagem realizada na rede social Instagram da entidade Agricultores Urbanos fez uma denúncia da situação. Com o título “A Periferia de Vitória pede Socorro", o texto marca as redes sociais do prefeito Luciano Rezende (PPS) e do governador Paulo Hartung, e faz questionamentos.



"Que cerco inteligente de segurança é esse que só atende aos bairros nobres da cidade de Vitória? Será que algum cerco 'inteligente' registrou essa guerra urbana que há três dias apavora os moradores da região da grande Santo Antônio? E a grande São Pedro? A grande Maruípe? Possuem este tal cerco inteligente de segurança? Não precisamos de marina pública, senhores, ou mais um parque gigantesco na região nobre de Jardim Camburi! E de que adiantam estas belas academias em inox se temos medo de sair de casa para usá-las? Senhores, necessitamos é de políticas públicas eficientes para a nossa periferia”. 


A postagem completa: “É hora de os senhores políticos arregaçarem as mangas e subirem um pouco de escadas, esquecerem a orla, as praias, a nobreza da cidade, saírem desta zona de conforto que estão e assim conhecerem nossas mazelas e necessidades. De que adianta termos uma cidade linda, como a nossa querida 'Vitorinha', mas com uma violência de tirar a paz dos seus moradores?".


Sem prevenção



Para Lula Rocha, da entidade Círculo Palmarino, que atua em ações do Movimento Negro e nos movimentos sociais das periferias, não existe uma política de prevenção ao crime nos bairros periféricos, mas apenas a repressão. “Depois que acontece alguma coisa é que pensam em medidas, sempre uma visão equivocada. A base da PM na Piedade, por exemplo, até hoje não saiu do papel. Não existe uma polícia comunitária no Estado”. 


Ela explicou que a postura das polícias tem sido a de ir para o confronto, tanto que a Secretaria de Estado da Segurança investe na criação de batalhões especializados e na compra de armamento pesado. “Também não vemos viaturas rodando nos morros para policiamento preventivo”. 


Lula aponta que, além disso, várias políticas públicas e serviços municipais na área de assistência foram desarticulados, como os Cajun’s (Projeto Caminhando Juntos) e o Centro de Referência de Juventude, que continua em reforma. “Vitória é uma cidade dividida, repartida, com muito investimento nas áreas nobres e os morros e periferias desassistidas em políticas públicas”. Na responsabilidade estadual, vagas e escolas estão sendo fechadas nas escolas públicas, deixando a juventude ainda mais vulnerável. 


Crimes


No dia 28 de maio deste ano, Lucas Teixeira Verli, de 19, que jantava na varanda de sua casa, foi alvejado com vários tiros, inclusive no rosto no Morro da Piedade. De acordo com relatos, um grupo com mais de 20 criminosos chegou ao bairro pelo alto atirando contra as residências antes das 21 horas. Entre os atiradores, homens com máscaras para esconder os rostos. Além de Lucas, este ano, foram quatro jovens assassinados, incluindo os irmãos Ruan e Damião Reis, em março, e, mais recentemente, Walace de Jesus Santana. 


Desde 2010, quando os conflitos do tráfico se intensificaram na Piedade, 203 pessoas deixaram a comunidade, o que corresponde a 60 residências desocupadas. Apenas neste ano, segundo a organização Raízes da Piedade, 128 pessoas se mudaram do bairro, o que representa 40 casas vazias desde janeiro.  




 

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