A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado realiza, nesta quinta-feira (10), uma audiência pública para discutir os homicídios de jovens negros no País. A audiência foi proposta pela senadora Ana Rita (PT), presidente do colegiado.
O debate vai ter a presença do sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, coordenador da área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e coordenador do Mapa da Violência; do coordenador do Fórum Nacional de Juventude Negra (Fonajune) e do Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes), Luiz Inácio Silva da Rocha, o Lula; e do diretor executivo do Grupo Mídia Periférica, Enderson Araújo de Jesus.
Participam, ainda, o presidente do Conselho Nacional de Juventude (Cpnjuve), Alessandro Melchior Rodrigues; a representante do Movimento Mães de Maio, Débora Carvalho Alvez; e um representante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e da Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República (SNJ).
A senadora justificou a realização da sessão pelas pesquisas que demonstram que as principais vítimas de homicídio são os jovens negros. Para ela, é preciso debater a seletividade dessas mortes e o aumento crescente da violência contra a juventude negra nos últimos anos, para que se apontem políticas públicas eficientes para o enfrentamento desta realidade.
Segundo o Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil, o Espírito Santo está no topo do ranking de mortes de jovens negros no País. Em 2011, ano usado como base de pesquisa, a taxa no Estado ficou em 144,6 mortes violentas de jovens negros por grupo de 100 mil, enquanto a taxa entre jovens brancos ficou em 37,3. Nos dois casos, o Espírito Santo é o segundo do País. No caso de homicídios de jovens brancos, fica apenas atrás do Paraná, e de jovens negros é o segundo. Alagoas lidera.
O próprio estudo caracteriza a taxa do Estado como inaceitável e deixa claro a seletividade de jovens negros como vítimas preferenciais de homicídios.
O Mapa também aponta que, se os índices de homicídio do País estagnaram em uma década, ou mudaram pouco, “foi devido a essa associação inaceitável e crescente entre homicídios e cor da pele das vítimas, pela concentração progressiva da violência acima da população negra e, de forma muito especial, nos jovens negros. E o que alarma mais ainda é a tendência crescente dessa mortalidade seletiva”.