A disputa judicial pelo controle do Porto de Peiú, em Vila Velha, ganhou um novo capítulo. Na véspera da assembleia que vai decidir o futuro da Peiú – Sociedade de Propósito Específico (subsidiária integral da Trufa S/A), o desembargador Ney Batista Coutinho concedeu liminar restabelecendo o direito a voto dos empresários Pedro Scopel e Adriano Mariano Scopel. A medida pode adiar a destituição dos membros da atual direção, como estava previsto em pauta.
A liminar foi concedida em pouco mais de 48 horas da apresentação do pedido pela defesa de Scopel. Na decisão, o desembargador manteve a proibição dos empresários – que detém 50% das ações da companhia –terem acesso às instalações do porto. No entanto, os representantes de Pedro e Adriano Scopel poderão votar na assembleia, fato que deve impedir a aprovação dos pontos mais polêmicos da assembleia.
A pauta da reunião marcada para esta sexta-feira (14) prevê a deliberação sobre a destituição de qualquer membro da direção ligado à família Scopel, bem como a autorização para contratação de uma auditoria independente para apurar desvios milionários na condução do porto. Com a liminar, a votação deve terminar novamente empatada, já que os empresários têm o mesmo número de cotas de Otto Netto Andrade, que disputa o comando da empresa.
A defesa de Otto Andrade já foi comunicada da decisão e entrou com pedido de reconsideração da liminar. Na petição, os advogados pedem o sobrestamento da análise dos pedidos por Pedro e Adriano Scopel. A expectativa é de que o desembargador se manifeste até o final desta quinta-feira (13). Caso contrário, a assembleia poderá ser até adiada em função do provável empate na votação sobre a saída da família Scopel do negócio.
A disputa pelo controle do porto se tornou pública após o caso ter motivado a deflagração da Operação Naufrágio, em dezembro de 2008, pela revelação de compra de uma sentença em favor de Pedro e Adriano Scopel. Escutas da Polícia Federal flagraram, há quase seis anos, a negociação dos empresários com o então desembargador Elpídio José Duque para manter os poderes da dupla no controle da empresa.
Por conta do imbróglio, o complexo portuário está sendo administrado desde então por uma filha de Pedro Scopel, Fabiana Scopel Tramontana. A pauta da próxima assembleia também inclui a votação de saída dela do comando. Otto Andrade alega que a atual gestão não realizou qualquer prestação de contas e nem distribuiu dividendo. Nas contas do empresário, o rombo nas contas da Peiú ultrapassa a casa dos R$ 200 milhões.