No último dia 25 de outubro, oito propriedades de famílias camponesas da região de Ribeirão Capixaba, em Domingos Martins, foram acometidas por um incêndio descontrolado. Os camponeses, ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), enviaram notificações ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), mas até esta sexta-feira (8), o Idaf ainda não compareceu ao local para averiguar a real origem do fogo.
A essa reclamação, se somam as queixas pelo descaso do poder público com relação aos crimes cometidos contra as famílias camponesas da região.
As suspeitas são de que o incêndio tenha sido provocado por um fazendeiro da região, produtor de eucalipto, que já tem há algum tempo a pretensão de comprar as propriedades. Segundo a entidade, o fogo, que atingiu cerca de 150 hectares, serviria para desanimar as famílias e forçar a venda. Um dos agricultores atingidos sinalizou que as áreas dos eucaliptais já estavam aceiradas antes do início do incêndio.
O fogo atingiu Áreas de Proteção Permanente (APPs), Reservas Legais (RLs), áreas de nascentes, pastagens e lavouras de café, chegando a consumir cultivos inteiros. Ainda segundo os camponeses da região, as famílias atingidas fizeram chamados ao Corpo de Bombeiros, nos quais foram avisados de que a corporação já estava no local. Após receberem tal informação, os camponeses verificaram que os bombeiros estavam do outro lado do incêndio, oposto às propriedades familiares e próximo aos eucaliptais.
Segundo o MPA, esse tipo de ocorrência tem sido frequente na região serrana do Estado, um local altamente valorizado por suas belezas e que se torna alvo do agronegócio, do mercado capitalista imobiliário e turístico, que atentam constantemente contra os territórios camponeses com o “apoio incondicional do Estado”.