As 130 famílias sem-terras que ocupam a fazenda Floresta Reserva, do Grupo Simão, em Montanha (extremo norte do Estado), aguardam determinação do governo do Estado e da Prefeitura sobre a área que poderá ser ocupada após a saída do atual território.
Reunião para tal decisão foi realizada na última sexta-feira (8) entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST); o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra); o defensor público agrário Bruno Pereira Nascimento; o juiz Antonio Facchetti Filho; a subsecretária de movimentos sociais da Casa Civil do governo do Estado, Leonor Araújo; a prefeitura de Montanha; e grupos ligados aos direitos humanos e aos fazendeiros da região. Na mesma reunião, o juiz se comprometeu a enviar um ofício sobre a determinação da área, ainda nesta semana, à Prefeitura e ao governo.
As famílias formam na região o acampamento Sirlândia, que completará um mês nesta quinta-feira (14), onde já produzem alimentos para subsistência. A formação do acampamento foi uma reação do movimento à inércia do governo estadual e dos órgãos responsáveis, que não cumpriram com promessas anteriores.
Entre agosto e outubro de 2012, foi feita uma ocupação na mesma área e a saída foi pacífica após as promessas. Entretanto, diante do não cumprimento dos acordos firmados, as famílias voltaram neste ano à região.
O governo havia prometido entregar cestas básicas às famílias acampadas; o Incra a fazer vistorias em oito fazendas improdutivas na região de Montanha, igualmente pertencentes ao Grupo Simão, das quais apenas duas foram vistoriadas; e o Idaf que contaria e documentaria as cabeças de gado do Grupo Simão, o que, segundo a coordenação estadual do movimento, só foi feito em partes e com documentos adulterados, com dados que não condizem com a realidade.
No dia 22 de outubro, foi expedido um mandado de reintegração de posse, que vencia dois dias depois e continua valendo, embora até então nenhuma ação nesse sentido tenha sido realizada no local. A reintegração pode ser realizada inclusive aos fins de semana, feriados e fora do “horário convencional”, como registra o documento.
Outra luta do movimento é pela declaração de improdutividade das fazendas Tailândia e Conquista, também do Grupo Simão, que não podem ser feitas devido ao estado de calamidade pública decretado em Montanha. Por isso, os processos de vistoria dessas áreas estão arquivados. O MST defende que a seca na região é constante, e não um evento sazonal, o que não justifica o decreto de tal situação. Muitas vezes, a decretação de um estado de calamidade é usada justamente com o intuito de frear os processos de reforma agrária, já que nada pode ser feito, nesse caso, às terras que se enquadram no limite declarado. Por isso, o defensor público agrário entrará com um pedido de cassação do decreto de calamidade pública e, para isso, ele aguarda a disponibilização pelo Incra dos processos de vistoria das duas fazendas.