Em entrevista à Rádio CBN-Vitória nesta quarta-feira (18), o secretário André Garcia fez um balanço da Segurança. Ele destacou que o Espírito Santo deve fechar 2013 com uma taxa de 40 homicídios por 100 mil habitantes.
Segundo Garcia, até o dia 17 de dezembro foram assassinadas no Estado 1,5 mil pessoas, contra 1.594 do mesmo período de 2012, o que representa uma redução de 6%.
É evidente que a redução é sempre melhor que o aumento. Afinal, quase 100 vidas foram poupadas com 6 pontos de recuou na taxa. Entretanto, quando os números são comparados aos de outros estados brasileiros e países, os dados assustam.
A taxa média de homicídios no Brasil está em 25/100 mil, que já é considerada altíssima para os padrões internacionais. O Chile, por exemplo, tem taxa de 3,7/100 mil; Estados Unidos 4,7%. São Paulo, em 2011, chegou a 10/100 mil.
Por isso, a taxa apresentada pelo secretário de Segurança de 40/100 mil é estarrecedora. Para se ter uma ideia da gravidade da taxa, a Colômbia, que convive com ações da guerrilha há quase meio século, tem uma taxa média de 33/100 mil, ou seja, sete pontos inferior à do Espírito Santo.
Os índices se tornam mais preocupantes ainda quando observamos o parâmetro da Organização Mundial de Saúde, que considera qualquer taxa acima de 10/100 mil violência epidêmica.
Chama atenção o fato de o secretário destacar no balanço que o Estado retomou os investimentos em Segurança em 2003, justamente no início do primeiro mandato do governo Paulo Hartung (2003 – 2010).
Embora André Garcia tenha sido subsecretário e depois secretário de Segurança na gestão Hartung, é patente para os profissionais da área e observadores que o governo anterior praticamente não fez investimentos na área. Tanto é que o atual governo precisou de três anos para começar a repor os efetivos das policias Civil e Militar, que foram abandonados por Hartung. Sem contar a falta de investimentos em infraestrutura. Faltava deste coturno a viaturas.
Os números são incontestes. Ao deixar o governo, em 2010, Hartung deixou a PM com o mesmo efetivo de 1993: cerca de oito mil homens.
Apesar de ser secretário de Hartung, Garcia deveria se concentrar nas metas atuais, que ainda estão muito longe do aceitável, e evitar relacionar qualquer avanço na área de Segurança à gestão passada.
Afinal, um governo que deixou um rastro de mais de 14 mil mortes em oito anos não merece nenhum crédito. Garcia deveria ter vergonha de dizer que fez parte do governo passado.