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New York, New York

A notícia de que o prefeito Rodney Miranda abandonou a cidade de Vila Velha submersa e partiu para Nova York foi tratada, inicialmente, como um boato de mau gosto. Muita gente duvidou. Os vila-velhenses, especialmente, não quiseram acreditar que o prefeito fora tão insensível ao flagelo da população. Enquanto Rodney goza às férias, os moradores seguem contabilizando os prejuízos causados pelas chuvas que já duram quase uma semana e ainda estão na expectativa que vem mais água por ai. 
 
Pasmem, mas foi exatamente isso que aconteceu. Rodney fez as malas, pegou sua família e, num dos poucos momentos em que o Aeroporto de Vitória ofereceu teto, alçou voo para os States. Lá de cima ele ainda deve ter tido oportunidade de ver, privilegiado por uma tomada panorâmica, o caos que virou a cidade. Mas parece que nem essa visão apocalíptica mexeu com os sentimentos do prefeito do DEM, que deve ter dado bye, bye a Vila Velha da janelinha do avião.
 
A cabeça de Rodney já estava no Museu de História Natural, no Rockefeller Center, na Estátua da Liberdade e em tantas outras atrações que a metrópole nova-iorquina oferece aos turistas. Que enchente que nada, Rodney deve estar ansioso para acompanhar a tradicional descida das esferas de luzes na Times Square, que fazem a famosa contagem regressiva do Ano Novo. 
 
Se ficasse em Vila Velha teria que enfrentar reuniões exaustivas com a Defesa Civil; aguentar a aporrinhação de vereadores batendo na porta do seu gabinete para pedir mais atenção ao seu reduto eleitoral que está debaixo d'água; percorrer bairros alagados para levar palavras de conforto às vitimas das chuvas. 
 
Em vez de ficar fazendo boneco de neve no Centra Park com seus filhos, teria que estar com os pés enfiados na lama ou navegando em canais fétidos, como fez no início do ano, para mostrar serviço, em mais um espetáculo midiático sem resultado prático para a população.
 
Ao abandonar o barco afundando, o prefeito deixou patente que não tem nenhum compromisso com a população, que já reagiu imediatamente nas redes sociais após saber que Rodney deixou o Estado nessa quinta-feira (19) na surdina.
 
A repercussão nas redes foi imediata à publicação da notícia. Os comentários são quase todos de indignação. A pressão para cima de Rodney é tão forte que o prefeito mobilizou o presidente da Câmara Ivan Carlini (DEM) e o vice-prefeito Rafael Favatto (PEN) para acalmarem os ânimos da população. Ambos saíram em defesa do prefeito-turista. Favatto, que ultimamente nem se bica com Rodney, confirmou que recebeu o comando da prefeitura das mãos do prefeito.
 
Carlini minimizou. Disse que se algo mais grave acontecer, o prefeito volta imediatamente, como se os voos nesta época do ano estivessem “batendo lata” ou Rodney tivesse um jatinho à sua disposição. Sem contar que Nova York não é no Rio de Janeiro. 
 
 Apesar de os 'bombeiros de plantão” tentarem minimizar o abandono de Rodney para arrefecer as críticas da população, a verdade é que o prefeito pisou feio na bola ao deixar o município mais problemático da Grande Vitória, quando o assunto é chuva, à deriva. 
 
Se a viagem estava marcada há muito tempo, como justificou Carlini, paciência. Cancela. Ou manda a mulher com a sogra e com os filhos. Afinal, quando se própôs a ser prefeito de Vila Velha, Rodney assumiu um compromisso com a população e com a cidade. Sabia que estava aceitando abrir mão até de suas demandas familiares para priorizar a gestão do município. 
 
A atitude do prefeito, no entanto, não surpreende os observadores políticos. Muita gente sabia que Rodney sempre foi um produto midiático fabricado pelo ex-governador Paulo Hartung. Um produto que não tem qualificação técnica ou tampouco desenvoltura política para gerir uma cidade com os problemas e desafios de Vila Velha.
 
Como a passagem para Nova York não é só de ida, a população canela-verde terá que aturar o prefeito por mais três longos anos.
 
Enquanto Vila Velha segue submersa, Rodney deve estar flanando de sobretudo pela Quinta Avenida cantando o “hino” da cidade nova-iorquina eternizado por Frank Sinatra: (…) I wanna wake up in that city (Eu quero acordar numa cidade)/That doesn't sleep (Que nunca dorme)/And find I'm king of the hill (E descobrir que sou o rei do pedaço)/Top of the heap (O maioral). New York, New York…

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