Como sempre acontece no Espírito Santo, uma mão oculta tenta jogar em alguém a culpa sobre as deficiências e carências do Estado. Mais uma vez, a falta de uma reflexão profunda das situações aumenta a apreensão sobre o que pode acontecer no futuro. A tragédia dos últimos dias de 2013 coloca um ponto de discussão muito mais profundo.
Não foi culpa da chuva, não foi culpa da Dilma. Foi culpa do modelo de desenvolvimento adotado no Espírito Santo, que privilegia o interesse da elite econômica do Estado passando por cima de exigências ambientais. Parece papo de “bicho grilo” ou “ecochatos”, mas é uma questão de segurança da população.
As imagens falam por si. As estradas cederam, os rios transbordaram, o sistema de escoamento não funciona direito. A canalização do curso dos rios, que passam dentro de cidades, como em Santa Teresa, Santa Leopoldina, Vila Velha e seus canais já mostrou em outras ocasiões o quanto isso é errado.
As autoridades falam em reconstrução do Estado. A coluna espera que já que haverá a tal reconstrução, que ela seja feita com responsabilidade socioambiental. É uma questão de sobrevivência! Que as vidas que a irresponsabilidade levou nessas chuvas, não sejam em vão.
É hora de o Espírito Santo parar de buscar culpados de fora e assumir os erros do passado para não repeti-los no futuro. Se as políticas estruturantes seguirem os mesmos moldes, a próxima tragédia é uma questão de tempo. Ou se muda a forma como se pensa o desenvolvimento no Estado, ou a população continuará à mercê das intempéries.
Uma situação lamentável!
Fragmentos:
1 – A presidente Dilma Rousseff, direta como sempre, causou saia justa na classe política capixaba ao deixar bem claro que recursos no governo federal para o Estado existem, mas que os projetos apresentados é que não atendem às especificidades.
2 – Em meio à tragédia das chuvas, a mensagem de Natal do senador Ricardo Ferraço (PMDB) na TV, pode não ter surtido o efeito esperado do ponto de vista político.
3 – Chamou a atenção uma movimentação estranha pedindo show beneficente de Roberto Carlos em favor do Espírito Santo. Não seria melhor cobrar das autoridades capixabas mais comprometimento com a população?