Uma manifestação no início da noite deste segunda-feira (31) pegou de surpresa a população e a própria polícia. Este foi o primeiro ato do ano nos moldes dos protestos de junho e julho do ano. Nas redes sociais, os organizadores chamavam a população para as ruas: “Se a Grande Vitória não melhorar, a ilha vai parar”, avisava o cartaz eletrônico postado no Facebook.
Como no ano passado, o ataque isolado de pequenos grupos a estabelecimentos comerciais foi a justificativa que a polícia precisava para reprimir os manifestantes com violência, mesmo os que não estavam quebrando nada.
As ações de confronto entre polícia e manifestantes aconteceram na Reta da Penha, na altura do MCDonald's. A maioria dos manifestantes não se envolveu na confusão e seguiu caminhando em direção à Assembleia Legislativa, destino final do protesto. Cerca de 400 manifestantes (100, segundo a Secretaria de Segurança Pública) gritavam palavras de ordem e destacavam os principais pontos da manifestação desta segunda-feira.
Eles pediam melhorias na educação, saúde, segurança. Acesso à arte e à cultura, além da defesa do meio ambiente – criticaram os grandes projetos e os megaportos que estão sendo instalados no Estado. Os manifestantes, aproveitando os 50 anos do golpe militar (31/03/1964), protestaram contra os anos de chumbo. A Copa do Mundo, a criminalização dos movimentos sociais e o violento ataque da Policia Federal a professores da rede pública, que fizeram um ato no último dia 17, ocupando a BR 101 norte, na Serra, também foram registrados no protesto.
Detenções
Durante o protesto, que acabou por volta das 22 horas, a polícia efetuou várias detenções. Segundo a Sesp, foram registradas 43 ocorrências. Uma agência bancária teve a fachada quebrada. Um carro de reportagem da Rede Gazeta também teve um dos vidros estilhaçados. Jornalistas da TV Vitória disseram que foram hostilizados pelos manifestantes. Há informações que equipamentos foram quebrados. As equipes de reportagem registraram bolotins de ocorrências. As fachadas de alguns estabelecimentos comerciais na Praia do Canto também foram danificadas.
Informações não oficiais dão conta de que 30 pessoas foram detidas, a maioria adolescentes. Os detidos teriam sido conduzidos para o Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vitória.
Depois dos confrontos na Reta da Penha, houve uma ação violenta da polícia no acesso à Terceira Ponte, no momento em que os manifestantes intencionavam ocupar as cancelas da praça do pedágio. Segundo informações do NinjaES, os manifestantes foram reprimidos com violência pelos policiais da Rotam, embora estivessem sentados e pedindo “não violência”.
Reprimidos pelos policiais, os manifestantes seguiram para a Assembleia. No local, eles fizeram uma nova assembleia. A plenária decidiu fazer uma reunião no próximo sábado (5), na Ufes, para avaliar o ato. Também ficou definido um novo protesto, que acontece na segunda-feira (7).