Com toda pompa e circunstância, além da presença em peso da classe política capixaba, a Samarco Mineração inaugurou sua Quarta Usina, localizada em Ubu, Anchieta, nesta quinta-feira (3). A expansão das atividades da empresa representará aumento de 37% – de 22,5 milhões de toneladas para 30,5 milhões – em sua produção anual de minério, agravando o grave problema da poluição do ar e deficit hídrico registrados há décadas na região. A mineradora anuncia que, assim, se tornará uma das maiores exportadoras da matéria-prima do país.
Entre as lideranças que prestigiaram a Samarco nesta quinta estão o governador Renato Casagrande; seu vice, Givaldo Vieira (PT); o ex-governador Paulo Hartung (PMDB); o presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM); o procurador-geral de Justiça, Eder Pontes, além de prefeitos, deputados e vereadores. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, representou a presidente Dilma Rousseff. O evento, como de costume, ganhou contornos de idolatria à empresa.
Este é mais um empreendimento que consolida o sistema de favorecimento às transnacionais poluidoras do Estado. Apesar do passivo de suas usinas e da reincidência em crimes ambientais, a empresa não enfrentou qualquer problema para receber a autorização do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Assim como seu antecessor, Casagrande manifestou reiteradas vezes seu apoio ao projeto de expansão da mineradora, ignorando o histórico de crimes ambientais que envolvem a empresa no sul do Estado.
A Samarco emite elevados índices de poluentes no ar da região, polui a lagoa Mãe-Bá e as praias do sul do Estado em decorrência das emissões de pó de minério. Multada mais de uma vez por impactar o meio ambiente, não foi impedida de licenciar novos projetos. Sempre contou com a conivência e incentivos dos governantes, tendo inclusive multas com o Iema anuladas. O Estado chegou a licenciar a 4ª Usina de Pelotização da Samarco antes mesmo de a Vale ter anunciado a aprovação do projeto.
Além da quarta usina, a expansão da Samarco conta com a construção de um terceiro concentrador e de um terceiro mineroduto, construído paralelamente aos outros dois já existentes. Com 400 quilômetros de extensão, ele passa por 25 municípios mineiros e capixabas e tem capacidade para transportar 20 milhões de toneladas de polpa de minério de ferro por ano. A empresa afirma que investiu R$ 6,4 bilhões no projeto e já manifesta intenção de construir sua quinta usina em Ubu.