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Suspensão do pedágio derruba venda de amendoim

O melhor indicador de que algo havia mudado no horário de pico noturno nos acessos à Terceira Ponte não estava exatamente nas ruas, mas nas mãos de Alecsander dos Santos (foto acima). Há quase um ano vendendo amendoim torrado na praça do pedágio com outros cinco companheiros, Alecsander sentiu o efeito da suspensão do pedágio: pelo menos na primeira noite de pedágio gratuito na Terceira Ponte, a venda despencou. 

 
Às 18h desta quarta-feira (23), Alecsander, que chega ao trabalho às 16h, havia vendido apenas 10 cones de amendoim. Em dias normais, ou seja, com tarifa no pedágio, teria vendido pelo menos cinco vezes mais. Ele traçou uma projeção pessimista: não atingiria a média diária de 150 pacotes vendidos.
 
Os vendedores ambulantes de amendoim são personagens conhecidos de quem faz da Terceira Ponte um caminho cotidiano para Vila Velha entre 18h e 20h. Geralmente jovens, de coletes refletivos, bermuda tactel, boné e chinelos, eles batem pelas ruas Clovis Machado e Duckla de Aguiar oferecendo esta tão brasileira distração – a um por R$ 2 e três por R$ 5 – para a fome e paciência dos motoristas presos ao trânsito de todo começo de noite. 
 
Cada latão de amendoim que eles levam na mão comporta quase 100 cones. Ou seja, a média diária dos vendedores alcança quase dois latões. Conversamos com outros três vendedores sobre o efeito do pedágio livre para o negóvio. A resposta foi a mesma: “Rapaz, hoje tá ruim”. Um deles, às 18h30, conta que àquela altura já teria vendido uns 150 pacotes. Mas ainda não chegara aos 100.
 
Segundo observa Alecsander, com pedágio, o fluxo era mais lento e, uma vez mais lento, os motoristas ficavam mais disponíveis à sedução do amendoim.
 

Mas pouca coisa mudou no primeiro horário de pico noturno pós-pedágio livre: pela Clovis Machado, Duckla de Aguiar ou Reta da Penha, carros e mais carros desaguavam aos montes no estuário da Terceira Ponte. Cada vez fica se torna mais cristalino que um dos grandes problemas da mobilidade da Grande Vitória é o excesso de veículos.

 
Mas algo mudou para melhor, em que pese o triste prejuízo de quem depende do amendoim para sobreviver: o acesso à ponte se tornou um tanto mais rápido, como ilustra a retração do negócio ambulante. 
 

As filas de carros avançavam com menos morosidade que de costume, mas nada de significativo, que evitasse as longas filas. Só travou tudo quando um veículo enguiçou sobre a ponte. Cometeu equívoco quem duvidou que a Rodosol fosse socorrer alguém após a ato do governo: o guincho da concessionária se prontificou de imediato.

 
Alecsander dos Santos e seus companheiros não sabem como vai ficar a venda de amendoim daqui para frente. Só sabem que, se quiserem manter o negócio, terão que ter mais manha e, sobretudo, mais perna. O capixaba tem pressa – mas também tem fome.

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