Ao que parece, pouco adiantaram os dois debates públicos realizados em agosto passado para discutir o corte da Praça do Cauê, em Praia de Santa Helena, Vitória. Em entrevista à Rádio CBN-Vitória na manhã desta terça-feira (29), o prefeito Luciano Rezende (PPS) voltou a defender a violação de uma das construções mais tradicionais da cidade. Segundo ele, ainda mais agora, com a suspensão do pedágio, Vitória precisa dessa conexão direta com a Terceira Ponte.
Em dois debates públicos ocorridos ano passado, um em 12 de agosto e outro em 22 de agosto, moradores de Praia de Santa Helena e bairros vizinhos rejeitaram o projeto que governo estadual e prefeitura apresentaram para a Praça Cristovão Jacques. O que as autoridades travestiram de “revitalização”, a sociedade civil entendeu como corte.
Nos encontros, a sociedade civil criticou o projeto de abertura da praça em várias frentes. Uma obra para deixar os engarrafamentos em linha reta; deixar Vitória com mais ares de mero corredor de passagem; ali é local de lazer para famílias com os filhos; chamou-se o projeto da prefeitura de “gambiarra estilizada”. A praça também foi acolhida pelos ciclistas da cidade, sendo rebatizada de Praça do Ciclista.
Um morador ponderou: “Na verdade, existem dois horários em que há fluxo intenso, entre 7h30 e 9h e entre 18h e 19h. O resto do dia não há fluxo. Então, haverá o corte de uma praça sob a alegação de fluxo pesado intenso em dois períodos do dia”.
A abertura do Cauê associa-se à implantação do sistema BRT (vias exclusivas para ônibus), em que apenas os ônibus utilizariam a via central. Na entrevista desta terça, o prefeito anunciou que a rua do Instituto de Educação Professor Fernando Duarte Rabelo vai virar um calçadão; a via oposta, em estacionamento local.
Apesar do consenso de que a mobilidade urbana de Vitória reclama soluções, naqueles debates a sociedade civil optou pela preservação de um espaço de convivência pública, sem intervenções que, em maior ou menor escala, priorizam os carros. Como bem resumiu uma moradora: “Acho muito difícil ter qualidade de vida com três vias de um lado e três do outro”.