O grupo SOS Espírito Santo Ambiental enviou ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) um parecer contendo comentários e sugestões técnicas sobre o Plano de Controle de Emissões Visíveis da ArcelorMittal, entregue no último mês de março, conforme solicitação da secretária de Estado de Meio Ambiente, Diane Rangel.
Conforme havia sido solicitado, a Arcelor apresentou um plano para as reduções visíveis em seis de suas fontes emissoras, identificadas a partir das fotos que enviadas mensalmente ao Iema por Eraylton Moreschi Junior, coordenador do SOS Ambiental. Entretanto, as soluções apresentadas pela empresa para a redução das emissões na máquina de desenfornamento de coque dos fornos da Coqueria Convencional, Chaminés 1 e 2 da Coqueria Convencional, Chaminé Principal da Sintetização, Chaminés das Centrais Termelétricas, Pátio da Escória 1 (em frente à Aciaria) e Prédio da Aciaria não contentaram em sua totalidade os ambientalistas.
No que se refere ao Pátio de Escória, o SOS Ambiental classificou que as soluções apresentadas são paliativas, apontando como soluções confiáveis e duradouras para sanar o problema a implantação de sistema de tratamento de gases com ventilação secundária, no qual seriam feitos enclausuramento, tiragem dos gases e coleta dos particulados com um sistema de filtragem. Portanto, a solução apresentada pela Arcelor, que planejou o uso de ventilador com bicos aspersores de spray de água, não atende ao propósito dos ambientalistas para a redução das emissões visíveis.
O SOS Ambiental aponta que a raiz do problema das emissões da aciaria estão relacionadas com a projeção de metal e escória para fora do LD (LD (Linz-Donawitz, tipo do conversor de oxigênio da aciaria)e fuga de gás e fumos do despoeiramento secundário.
Para os ambientalistas, “a simples troca dos elementos filtrantes e revisão da lógica operacional de dampers e exaustores podem não ser suficientes para resolver o problema”. Além disso, lembram que o balanceamento dos pontos de emissão fugitiva deve ser feito levando em consideração a vazão mínima de tiragem e energia térmica de cada um dos pontos de despoeiramento do sistema.
Com relação às emissões das Chaminés 1 e 2 da coqueria convencional e dos carros de carregamento da coqueria, os ambientalistas declararam entender que não há “ações significativas a serem adicionadas às rotinas de manutenção”.
Já sobre as emissões visíveis do desenfornamento de coque, a Arcelor detalhou um plano de aumento da capacidade dos filtros de manga que já possui, uma reforma que consiste na substituição do atual duto de captação, reforma da casa de filtros existentes, troca das coifas e aumento da vazão de captação na ordem de 50%. Para o SOS Ambiental, as ações estão de um modo geral adequadas. O grupo, entretanto, lembrou que a análise dos ventiladores, bem como a área de filtragem do filtro, deverá ser adequada à nova capacidade do sistema com uma taxa de filtragem e mangas adequadas; que deverá ser ajustado o sistema de manuseio de pó e silo; e que as coifas deverão ser reprojetadas, considerando o estudo de Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD) dos gases fugitivos.
De acordo com o documento da Arcelor, um plano de ação já está em desenvolvimento para as reduções de poeira visível da chaminé principal da sinterização. A fase dois do projeto, que aguarda autorização do Iema, consiste na implantação de filtros de manga e, como apontou o SOS Ambiental, é uma boa solução.
Já sobre a central termelétrica, cujo planejamento da Arcelor relata combustão de gases siderúrgicos e também de alcatrão para produção de vapor e movimentação das turbinas dos geradores de energia elétrica, os ambientalistas apontam que “a solução sugerida passa por uma adequação do padrão operacional e não por déficit de tecnologia no tratamento dos gases”.
O relatório da Arcelor afirma que os gases resultantes são expelidos pelas chaminés e que o monitoramento é constante, sendo que o uso do alcatrão só ocorre na redução da produção dos altos fornos e na falta de gás de coqueria. No relatório, é apontado que a entrada em operação do alto forno nº 3 disponibilizará mais Gás de Alto Forno (BFG), o que segundo a siderúrgica reduzirá a utilização de alcatrão e, assim, o impacto visual. Os ambientalistas apontam a eliminação do alcatrão como a solução do problema. Já se esse gás for mantido, consideram, há tecnologias capazes de fazer o abatimento do mesmo. Mas destacam: essas tecnologias não são viáveis do ponto de vista operacional descrito.
O alcatrão é um composto de mais de quatro mil substâncias, das quais pelo menos 60 são cancerígenas, e podem, até mesmo, conter substâncias radioativas. Além disso, estão entre os poluentes liberados pela siderurgia aqueles que podem provocar intoxicação, problemas circulatórios e respiratórios, tais como os sólidos em suspensão, cianeto, fenol, amônia, óleos, graxas, escória do alto forno, finos de carvão, lama de lavagem de gases e pó de balão, de acordo o Portal Brasil.