A definição sobe os caminhos do PSDB do Estado diante da conjuntura nacional coloca o partido diante de muita pressão interna e mostra que o presidente da sigla, deputado federal Cesar Colnago, não tem condições hoje de fazer a aliança pretendida com o PMDB de Paulo Hartung. A proposta a ser apresentada para uma coligação com os peemedebistas, tendo Colnago na vice de Hartung, não teria vitória na convenção do partido, que seria neste sábado (21), mas foi adiada pelo próprio presidenciável tucano Aécio Neves.
O discurso de que o PSDB adiou a convenção porque estaria à espera de uma definição de Hartung para depois se posicionar, não convenceu os meios políticos, já que o PSDB nacional hoje estaria mais próximo da aliança com o PSB de Renato Casagrande, uma movimentação que não garantiria a reeleição de Colnago para a Câmara dos Deputados.
Nos bastidores, a movimentação de Colnago para ganhar tempo já não tem condições de se manter. O grupo majoritário teria dado um prazo para que ele tentasse uma acomodação, mas o tempo se expirou com a proximidade do fim do período de convenções, que termina no próximo dia 30.
Colnago não consegue encontrar um espaço confortável para o partido e a chapa oferecida pelo PSB não lhe favorece, já que tem dois puxadores de votos: Vandinho Leite e Paulo Foletto. A terceira vaga na chapa, que contemplaria o PSDB, hoje está mais próxima do ex-prefeito de Vila Velha, Max Filho. Sem conseguir o espaço para a reeleição, o presidente tucano insiste na sua ida para o palanque de Hartung, para ocupar a vaga de vice.
O problema é que assim como Colnago não tem maioria para a provar a movimentação no PSDB, Hartung também não tem como garantir sua candidatura se for submetida à aprovação na convenção do PMDB, no próximo dia 29, por isso seu silêncio em relação à disputa.
Mas no partido a tendência é de que os convencionais não aceitem a aliança com os tucanos. Mesmo com a nacional deixando os diretórios estaduais livres para as escolhas, o acerto entre PMDB e PT nacionais influi na discussão no Estado. Sem a caneta de governador na mão, Hartung não tem densidade no partido para fazer a costura se afastando do PT e se juntando ao PSDB.
A tendência é de que Hartung não formalize aliança nem com PT e nem com o PSDB para ter o palanque livre da disputa nacional. Mas com o acirramento da corrida presidencial, a pressão nacional força os partidos a se posicionarem.
Dentro do PSDB, a reação ao cancelamento da convenção foi forte. A certeza entre os correligionários de Colnago é de que ele perderia a convenção, já que mais de 70% do partido é favorável à chapa com Casagrande, que garante a vaga na disputa ao Senado para o ex-prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas.
A conjuntura nacional também pesa na reação dos tucanos, já que o histórico de Hartung mostra que ele não assume candidaturas presidenciais e não daria palanque para Aécio Neves no Estado.
Para os tucanos, a ideia de Colnago é esperar a convenção do dia 29 e tomar uma decisão de cúpula no dia 30, evitando a convenção. Mas já há movimentação para que isso não aconteça. Deverá ficar a cargo de Rita Camata, que faz parte da Executiva Nacional do PSDB, e é bastante próxima a Aécio, intervir na busca de uma solução para o impasse. Os tucanos acreditam que após a convenção do PSB de Minas Gerais, a situação ficará mais clara para o Espírito Santo também.