Até o dia 6 de maio passado, o governador Renato Casagrande sustentava o discurso da neutralidade em relação à disputa presidencial. Mesmo sendo socialista de influencia nacional, não assumiu de imediato a candidatura do presidenciável do partido, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. A intenção era manter-se afastado da disputa presidencial e oferecer os cargos anexos do palanque aos representantes das outras siglas, mantendo assim a unanimidade em sua base.
O que levou Casagrande a assumir a candidatura socialista foi a aproximação do PT com o PMDB, logo depois de o ex-governador Paulo Hartung disponibilizar o nome para a disputa ao governo. O PT esperava que o peemedebista assumisse de imediato a candidatura da presidente Dilma Rousseff, o que não aconteceu, aliás, Hartung não assumiu até agora a própria candidatura ao governo, mantendo o mistério em torno da disputa e confundindo o mercado político.
O PT passou então a atacar Casagrande, afirmando que sua proposta de neutralidade era um blefe. Mas a definição no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (20), que definiu a chapa com o senador Lindbergh Farias (PT) como candidato a governador e o deputado federal Romário (PSB) como candidato ao Senado mostra que a proposta de Casagrande de compor com o PT era viável e passava longe do blefe.
A precipitação no caso do Espírito Santo foi do PT, que confiou em um acordo com o PMDB, que não aconteceu. O candidato ao Senado do PT, João Coser tinha até maio a vaga reservada no palanque de Casagrande para a disputa ao Senado. Uma movimentação até mais fácil do que a que aconteceu no Rio de Janeiro.
Com um eleitorado menor que os demais colégios do Sudeste, o presidenciável do PSB estava de olho nos Estados vizinhos, facilitando a movimentação de Casagrande para manter a unanimidade ou, pelo menos a aliança com o PT.
Em São Paulo, a movimentação também não foi simples e culminou com a chapa formada por Geraldo Alckmin (PSDB) para o governo e o deputado federal Márcio França (PSB), como vice. Mas antes de fechar essa composição, muitas opções foram colocadas à mesa, como a vice para o ex-prefeito Gilberto Kassab.
O PSB também era cortejado pelo PMDB, de Paulo Skaf. Em Minas Gerais, a situação é menos ampla, se restringindo a discussão entre tucanos e socialistas. O próprio Casagrande intervém no processo, tentando demover o deputado federal socialista Júlio Delgado da candidatura própria em favor do tucano Pimenta da Veiga. Isso ajudaria na confecção e uma palanque compartilhado no Estado.
Casagrande que foi um dos socialistas que mais resistiu à adesão ao palanque próprio nacionalmente, dará agora o único espaço para que Eduardo Campos possa se apresentar no Sudeste em um palanque encabeçado pelo PSB, já que em Minas a tendência também é de composição. O espaço de Aécio Neves deve ficar a cargo do candidato ao Senado, caso os tucanos capixabas consigam fazer a costura com o palanque socialista, e neste caso, a vaga é do ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas.