Nessa quarta-feira (25) uma servidora pública do município de Afonso Cláudio, na região serrana, foi presa acusada de vender documentos de identidade por R$ 50. A fraude foi constatada por uma perita papiloscópica com larga experiência em classificações de impressões.
De acordo com a Associação dos Peritos Papiloscópicos do Estado (Appes), a perita, ao analisar o cartão com as impressões digitais, observou que já tinha classificado uma impressão digital idêntica anteriormente, já que a impressão tinha um detalhe pouco comum.
Depois de verificar os outros processos, a perita constatou que havia oito deles com as mesmas impressões digitais. A detecção da falha só foi possível por conta da experiência da perita, que lembrou de um detalhe incomum na impressão. O Departamento de Identificação (Deid) não tem sistema informatizado, por isso, não seria possível saber se a mesma impressão já havia sido cadastrada, a não ser pela memória da perita papiloscópica.
Informações preliminares dão conta que os documentos seriam utilizados para esquentar ações de uma quadrilha. A Appes vai ingressar na ação aberta contra a servidora, mas também vai cobrar que as autoridades respondam pelos crimes praticados por pessoas que exercem funções privativas de peritos papiloscópicos – que são policiais civis – em postos de identificação, principalmente no interior do Estado.
A associação vem cobrando o fim da emissão de documentos de identidade por prepostos, já que a prática facilita que haja fraudes documentais e duplicidade de documentos.
A Appes vem há anos alertando para os riscos de emissão de documentos de identidade feitos por pessoas que não são policiais civis. A operação de bases de dados, segundo a associação, não deve ser feita por pessoas sem comprometimento com o serviço público, já que, além dos dados da população, o sistema também é um catálogo dos detentos do sistema penitenciário do Estado.