Duas notícias recentes envolvendo as principais poluidoras do Estado, Vale e ArcelorMittal, indicam previsões nada animadoras paras os capixabas. A mineradora colocou já há alguns dias sua oitava usina em fase de testes e pretende operá-la no segundo semestre deste ano. Já a Arcelor anuncia que irá religar, até o próximo dia 8, seu alto-forno 3, parado desde 2012. As medidas resultarão num incremento e tanto na produção. Ou seja: aumento da poluição do ar e muito mais impactos aos moradores da Grande Vitória.
Em números, significa o seguinte: a produção anual da Vale saltará de 25 para 33 milhões de toneladas de pelotas de minério; e o alto-forno da Arcelor operará em sua capacidade máxima, ao todo 2,8 milhões de toneladas de ação bruto por ano – a usina Tubarão produz, no mesmo período, 7,5 milhões de toneladas.
As empresas e o governo do Estado, para justificar os projetos de expansão, propagam o discurso de que iniciaram medidas para minimizar os inúmeros impactos e, por isso, a poluição do ar não irá aumentar na Grande Vitória. Quem cai nessa conversa? É subestimar a inteligência da população.
Os licenciamentos concedidos às poluidoras, sempre de maneira ágil e sem obstáculos, ignoram os alarmantes índices de poluentes emitidos dia e noite no ar da região e que, além de gerar danos materiais e à saúde dos capixabas, oneram o poder público, com gastos para tratamentos no SUS.
Todas essas questões são constantemente levantadas por entidades e representantes da sociedade civil, inclusive com ações na Justiça que têm a Vale e a Arcelor como réus. E embora já tenha surgido algumas decisões favoráveis, como a determinação de perícia para quantificar a poluição da mineradora, ocorrem em marcha lenta, principalmente se comparados à velocidade com que essas expansões ocorrem.
Ainda mais em ano eleitoral, quanto a questão vira moeda de troca em negociações entre as poluidoras e a classe política, que adora levar uma bela fatia do bolo dos financiamentos privados de campanha.
Quer dizer, até o final da tramitação desses processos judiciais, as poluidoras continuarão mandando e desmandando no Estado, com consentimento do governo, enquanto os capixabas e o meio ambiente amargam os prejuízos, em escala crescente.
Só tem um jeito: sentar e chorar!
Manaira Medeiros é mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento Local e especialista em Gestão e Educação Ambiental
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