A 65ª reunião do Conselho Estadual de Cultura (CEC), que aconteceu na última quinta-feira, não foi da forma como esperava os articuladores do Coletivos Unidos. O encontro não teve como pauta principal a criação da Câmara de Juventudes em Redes e começou tratando de questões de patrimônio arquitetônico e ecológico. Apenas durante os “assuntos gerais” o documento sobre a nova câmara foi apresentado.
A resposta dos conselheiros foi positiva em relação ao acréscimo de um representante da juventude dentro do conselho, porém não houve discussões mais aprofundas acerca de como irá funcionar essa representatividade. Para isso, foi agendada uma reunião extraordinária para discutir o assunto junto com outras questões que tangem a reestruturação do Conselho.
“Nós mobilizamos diversos jovens envolvidos com a produção cultural no Estado porque esperávamos que a reunião seria para decidirmos os últimos detalhes sobre a criação da Câmara, entretanto encontramos um pouco de resistência dos conselheiros em se aprofundar nessa questão”, diz o produtor cultural Guilherme Rebêlo.
Rebêlo acredita que houve falta de comunicação dentro do conselho, Já que o documento que contém a justificativa e os direcionamentos para a criação da nova Câmara só foi entregue aos conselheiros no dia anterior a reunião, sendo que ele tinha sido protocolado junto a Secretaria de Cultura do Estado no dia 26 de junho.
Guilherme garante que não há embate entre o Conselho e os articuladores do Coletivos Unidos e que todos devem trabalhar junto para que o órgão seja reestruturado da melhor forma possível. “A nova câmara não tem intenção nenhuma de deslegitimar os conselheiros veteranos e sim fortalecer o conselho e tornar as decisões mais democráticas”, diz o produtor que aguarda que o debate acontece em breve.
A Câmara de Juventudes em Rede será uma plataforma de diálogo direto com o poder público do Espírito Santo e suas instâncias de participação social. Além disso, algumas das exigências são dar uma maior visibilidade à diversidade das juventudes e às suas produções artísticas e também ampliar essas produções de forma horizontal, compartilhada e transparente.
O documento, que traz esses e outros direcionamentos para a criação da nova câmara, foi criado à várias mão. Os agentes culturais articularam, por meio do grupo Coletivos Unidos, duas reuniões abertas para que o documento fosse apreciado e legitimado por todos os interessados. Durante essas reuniões compareceram agentes culturais, organizações, coletivos e sociedade civil que contribuíram com a elaboração das propostas.
Segundo o Secretário Estadual de Cultura, Mauricio Silva, a Câmara de Juventudes em Rede é uma conquistada da juventude que há tempos vem solicitando espaço para expressar suas opiniões e demandas dentro do Conselho. “Essa Câmara é um avanço conceitual por criar um espaço legítimo para os jovens participarem ativamente das decisões sobre políticas públicas culturais. Esse novo assento no Conselho vai possibilitar a esses jovens interferirem diretamente na elaboração, no cumprimento e na fiscalização dessas políticas”, diz Maurício Silva.
O secretário também destaca que a reunião extraordinária será marcada em breve para que todas as decisões passem a vigorar ainda dentro desse mandato.