A fala calma de Dida Áurea já transmite todo o seu amor pela ecologia, afinal, seu trabalho requer muita paciência e delicadeza. A artista faz pequenas colagens com fragmentos da natureza. Pétalas e conchas se transformam em figuras femininas, folhas e galhos tomam forma de personagens e animais, e areias coloridas e sementes ajudam a compor os cenários das telas de Dida.
Ela, entretanto, deixa claro que é apenas uma artesã, e que a verdadeira artista é a natureza. “É ela que me dá as cores, as texturas, as formas. Já está tudo pronto, eu apenas reúno esses materiais a partir da minha sensibilidade”, explica. Depois de muita insistência da família e de amigos, Dida decidiu reunir seus trabalhos em livro. A obra Ecoternura – Um Novo Ciclo será lançada nesta terça-feira (15), às 19h, na Biblioteca de Valparaíso, na Serra.
Dida conta que tudo começou quando seu marido ainda era vivo e costumava lhe presentear com flores e folhas secas. Ela, então, foi colecionando esse material e às vezes criava algumas composições. O casal já cultivava uma consciência ambiental e uma vida simples, essa postura reflete bastante no trabalho de Dida. As obras também são uma forma de reverenciar seu marido e lembrá-lo. “O envolvimento dele com ecologia me influenciou muito. Tenho a natureza como minha mãe, então todos os seus elementos são meus irmãos, por isso eu não pego nada que está vivo, os meus materiais eu recolho do chão, são fragmentos que já estão secos e são como presentes da natureza para mim”, diz Dida sobre o princípio da sua arte.
Depois do falecimento de seu marido, Dida passou a se dedicar mais às colagens e à criação telas. Sempre de forma intuitiva, ela se deixa levar pelas emoções na hora de criar um personagem ou uma cena, mas ressalta que suas obras não têm apenas o objetivo de serem belas. A finalidade da artista é criar uma reflexão sobre a preservação e a reciclagem. “Fazer uma obra de arte exige uma responsabilidade com o que está ao seu entorno e, no meu caso, devo muito à natureza. Essa é minha forma de retribuir”, afirma.
A multiplicidade de detalhes e nuances é o que mais encanta nas telas de Dida e também o que tona cada exemplar único. São imagens figurativas que falam por si, sendo apenas complementadas por alguns períodos curtos. O livro é dividido por alguns temas bem variados como o Projeto Tamar, cenas do Natal em 365 dias, movimentos sociais, entre outros.
Os temas são reflexos das observações pessoais de Dida. “Eu harmonizo com as minhas mãos o que me admira e o que me inspira”, diz. Mas há também algumas críticas e provocações, como na obra em que o Papai Noel rouba o menino Jesus de Maria e José, e na imagem em que todas as etnias estão deitadas no mesmo berço.
Além das pequenas e delicadas telas, Dida também promove oficina de arte ecossustentável, em que o foco é a reciclagem tanto de materiais quanto de energias. A artista reside e trabalha e comercializa a sua arte em sua casa ateliê, o Espaço Ecoternura. O ateliê localiza-se no Bairro São Francisco, em Jacaraípe, ao lado da Casa de Pedra, ponto turístico da Serra, onde está se formando a Vila das Artes.
O ateliê e o jardim são abertos ao público, para visitação. No jardim é possível conhecer várias espécies de plantas e seus nomes populares e científicos. Dentro do Espaço Ecoternura, há exposição permanente de cartões, quadros, cavaletes e outras obras de arte da artista. A decoração do Espaço Ecoternura é formada por objetos, detalhes e adereços de várias partes do Brasil e também de outros artistas que, em algum momento, participaram das oficinas Ecoternura. Os visitantes podem conhecer o Espaço Eco ternura todas às vezes que a bandeira branca estiver hasteada.
Serviço
O lançamento do livro Ecoternura – Novo Ciclo será nesta terça-feira (15), às 19h, na Biblioteca de Valparaíso, na Serra. Rua Guarapari, próximo ao Centro Comercial e à praça do Supermercado Extra Bom. O livro será vendido a R$30,00 e continuará à venda no Espaço Ecoternura.
