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Fluxo de consciência e suspense dão o tom de Histórias de Amor recolhidas

Histórias de amor costumam ser o tema preferido dos contistas. Os enredos acabam se assemelhando, mas o que torna as histórias diferentes umas das outras é o estilo e a estrutura que os escritores se utilizam. Mara Coradello é desses contistas que consegue surpreender o leitor com uma simples discussões entre um casal ou com uma história de amor não correspondido. 
 
Em seu terceiro livro, Histórias de Amor recolhidas ao acaso, a autora explora o suspense e vai revelando aos poucos as verdadeiras intenções de seus personagens. O primeiro conto, Fora do Ar, que parece apenas mais um relato de uma garota apaixonada fugindo com o namorado acaba dando uma rasteira no leitor que espera a delicadeza do amor romântico.
 
Em um de seus contos Mara também homenageia outro escritor capixaba. Em Bondage, a escritora lembra os trocadilhos com o nome Suely, que Reinaldo Santos Neves faz em seu livro homônimo. Esse conto descreve bem a crueza com que Mara gosta de retratar seus personagens.
 
Outro conto que reflete muito bem o estilo de Mara Coradello é Profanação – Para ler em voz alta. Não há ação nele, mas o fluxo de consciência toma conta e pensamentos se contradizem e se complementam. A relação com a literatura de Clarice Lispector é inevitável, mas Mara consegue imprimir sua própria voz nos contos. 
 
Com personagens passionais e sempre com uma narrativa irônica e sofisticada, Mara Coradello vai contando suas histórias sem pena de revelar a crueldade que envolve alguns relacionamentos. Como no conto Bourdeaux, no qual uma assassina diz que “a maior forma de adorar é matar”.
 
Serviço
 
Histórias de Amor recolhidas ao acaso
Mara Coradello
Secult
120 páginas 
R$ 30,00 em média

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