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Ecosoft apresenta método de medição que promete decifrar DNA do pó preto

A Ecosoft, empresa já conhecida por prestar serviços à Vale relacionados à medição da qualidade do ar, apresentou uma metodologia que promete, finalmente, traçar as origens e composições da poeira sedimentada, o famoso pó preto. O método foi divulgado a representantes do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), da Prefeitura de Vitória, do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), da própria mineradora e da ArcelorMittal, em reunião nessa quarta-feira (6), do grupo técnico de acompanhamento da implantação, em Vitória, do Decreto nº 3.463/2013, o decreto estadual da qualidade do ar.

A sociedade civil não foi convidada a participar do grupo. A justificativa do MPES é de que esse é um grupo exclusivamente técnico. No entanto, o promotor Marcelo Lemos afirmou que a sociedade civil pode sugerir discussões e participar das reuniões.

 

O novo método apresentado pela Ecosoft é chamado de Projeto Microanálise das Partículas Sedimentadas da Região da Grande Vitória (Projeto MAPS) e usará um método denominado “impressão digital por tipologia de fonte”. De acordo com o representante da Ecosoft, Luiz Cláudio Santolim, a nova proposta é inédita e tem condições de separar os poluentes de cada uma das empresas poluidoras da Ponta de Tubarão e, ainda, indicar o material particulado proveniente de outras fontes. Em outras palavras, realizar o DNA do pó preto, tão reivindicado pela sociedade civil.
 
A Ecosoft afirma que esse método teria a capacidade de determinar a composição química, bem como as interações entre elementos químicos dos componentes da poeira, o que não foi feito no estudo anterior, “Caracterização e Quantificação de Partículas Sedimentadas na Região da Grande Vitória”, realizado em 2011 pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Além disso, a Ecosoft afirma que será feita uma caracterização das partículas poluentes, com o objetivo de criar um banco de dados para a identificação mais rápida do material em questão.
 
As amostras seriam coletadas continuamente em um período de 24 horas, e então analisadas a seco, in natura e individualmente, trabalho que duraria, segundo a empresa, até dois dias para ser finalizado. Ainda de acordo com a Ecosoft, essa metodologia pode mapear partículas maiores que 1 micron (0,001 milímetro), o que, segundo a empresa, equivale a 98% do total de partículas. O trabalho todo, desde a montagem dos equipamentos até a formação da base de dados, duraria dois anos e custaria, aproximadamente, R$ 2,975 milhões, sendo que, de acordo com Santolim, a Ecosoft construiria, à parte, um laboratório no valor de R$ 1 milhão, que seria usado posteriormente para prestação de outros serviços do mesmo tipo. O trabalho ainda não começou.
 
Na reunião, os órgãos públicos não tomaram nenhuma decisão sobre o novo método e solicitaram 30 dias para que o estudo fosse avaliado. Depois disso, será emitido um posicionamento sobre a nova proposta da Ecosoft.

A empresa que realiza a análise das emissões utiliza metodologia contestada por especialistas e ambientalistas. Também é criticada por favorecer, em seus levantamentos, as poluidoras, tentando transferir epara a frota veicular a principal responsabilidade pelos elevados índices de poluentes registrados no ar da Grande Vitória.

 
Comissão
 
O grupo técnico do MPES se difere da Comissão Estadual para a Qualidade do Ar (CEQAR), estabelecida no decreto para acompanhar, orientar e propor ações para a implementação do Plano Estratégico da Qualidade do Ar (PEQAr). Essa comissão foi instituída nesta quinta-feira (7), por Portaria Conjunta nº 5-R da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) e do Iema. A Seama coordenará a comissão e o Iemqa comporá a secretaria executiva.
 
A CEQAR é composta por representantes do poder público, que são a Seama e o Iema, a Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma) e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento (Sedes); das empresas, que são a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), a Federação das Empresas de Transportes do Estado do Espírito Santo (Fetransportes) e Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon); e da sociedade civil, representada pela Federação das Associações de Moradores e Movimentos Populares do Espírito Santo (Famopes, pelo Conselho Regional de Biologia (CRBio) e pelo Instituto Goiamum.
 
Modelagem matemática
 
Por encomenda da Vale, a Ecosoft atualmente realiza um estudo de modelagem matemática, que entre seus componentes inclui a atualização de itens do último inventário de emissões. O último inventário, do ano de 2011, como se pôde conferir em Século Diário, foi desenvolvido pela própria mineradora, principal empresa responsável pela emissões de poluentes na Grande Vitória, de acordo com informações do grupo ambientalista SOS Espírito Santo Ambiental.
 
O coordenador do Centro Supervisório da Qualidade do Ar do Iema, Alexsander Silveira, afirmou que há possibilidade de que os dados atualizados no estudo encomendado pela Vale sejam usados para atualizar o inventário. Para isso, garantiu, a modelagem matemática passará obrigatoriamente por avaliação da equipe técnica do Iema e por respaldo acadêmico, possivelmente da Ufes, conforme prevê o decreto da qualidade do ar, para que os resultados possam ser aceitos no novo inventário.
 
Silveira destacou que é de interesse do Iema realizar a avaliação dos dados junto à academia para que estes sejam possivelmente usados na elaboração do PEQAr, instrumento previsto no decreto e com entrega prevista para dezembro deste ano.

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