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Governo contabiliza produção camponesa em indicativos do agronegócio

O governo do Estado divulgou nesta terça-feira (12) o balanço do agronegócio nos sete primeiros meses do ano de 2014. Mais de 1,5 milhão de toneladas comercializadas para o exterior renderam uma receita cambial de US$ 1,14 bilhão (aproximadamente R$ 2,5 bilhão). A celulose e o café são apontados como os produtos mais importantes no comércio exterior, respondendo juntos por quase 90% do total comercializado. A produção cafeicultora, entretanto, é tratada como produto exclusivo do agronegócio, quando cerca de 75% desse montante é produto da agricultura camponesa, familiar e empreendedora, como contabiliza Valmir Noventa, coordenador estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Segundo o governo, as exportações de celulose tiveram um aumento de 2% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo US$ 640 milhões (aproximadamente R$ 1,4 bilhões), e o café atingiu um montante de US$ 374,6 milhões (aproximadamente R$ 850 milhões). 

 
Valmir explica que 70% de toda a produção de alimentos comercializada no país tem origem em propriedades de pequenos agricultores, que chegam até mesmo a produzir 100% de determinadas variedades, e essa realidade é especialmente expressiva no Estado. Como acontece com o café, o governo contabiliza um grande montante produzido pelos camponeses nos indicativos do agronegócio, para justificar os investimentos cada vez maiores no setor, como expõe a liderança camponesa.
 
Esses investimentos têm a maior parte de seu montante destinada à produção de eucalipto e celulose, que no Estado é dominada pela Aracruz Celulose (Fibria). A liderança do MPA enfatiza o dilema provocado pelo avanço dos eucaliptais em solo capixaba: a agricultura camponesa emprega três trabalhadores por hectare e as plantações de eucalipto contam apenas com o trabalho de uma pessoa para cada 100 hectares de terra plantada. Em termos de empregabilidade, a agricultura camponesa se mostra muito mais vantajosa para a dinâmica da economia interna do Estado do que a produção voltada para a exportação. “É preciso questionar qual setor realmente garante a sustentabilidade da economia capixaba”, ressalta Valmir.
 
Enquanto a agricultura camponesa também sustenta a disponibilidade de alimentos no mercado interno brasileiro e capixaba, ocupando apenas 24,3% da área cultivada e empregando 74,4% da mão de obra do setor agropecuário (de acordo com o Censo Agropecuário de 2009 do IBGE), o agronegócio utiliza dos recursos naturais para produzir lucro, focando sua produção na exportação e no abastecimento de outros mercados.
 
Especialmente sobre os plantios de eucalipto, o principal legado deixado pela Aracruz Celulose em solo capixaba são os impactos ao meio ambiente e a opressão a povos tradicionais, como quilombolas e indígenas, diretamente afetadas pela contaminação de lençóis freáticos, da água e do solo com o uso de agrotóxicos.

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