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Artista usa o próprio corpo para se expressar em fotos experimentais

 
O corpo é o principal suporte da arte de Louise Siqueira, ou Lou Isky. Suas fotografias performáticas e experimentais começaram como uma forma de se expressar sem censura. Lou nasceu em Vitória, mas passou a maior parte da adolescência em Madri, onde estudava em um colégio de freiras e se sentia oprimida, sem conseguir falar e agir da forma que gostaria. O projeto Provando a Existência teve início nessa época. 
 
“A forma que eu encontrei para me expressar nesse período foi na fotografia, eu tirava fotos de mim mesma e inventava composições para questionar o que eu não conseguia verbalmente. Então, percebi que eu me expressava bem melhor visualmente. Antes de qualquer preocupação artística ou estética, as fotos são a forma que eu encontrei para mostrar quem eu realmente sou”, conta Lou. 
 
Desde então, o próprio corpo se tornou o objeto central de suas fotos e as ideias surgiam devido à vontade de experimentar a relação do corpo com o ambiente, o cabelo, a roupa e outros objetos. Lou é estudante de artes e o Provando a Existência começou a crescer, assim como a sua doação ao projeto, que agora ficará exposto no Centro de arte Maria Teresa Vieira, no Rio de Janeiro, a partir desta terça-feira (19). A mostra, intitulada Cabeça de dolores, tem a curadoria do cartunista André Dahmer.
 
Essa parte do projeto que irá integrar a mostra é pouco diferente do que Lou começou a fazer na adolescência. Junto com o fotografo David Benincá, a artista decidiu levar o Provando a Existência para a rua. “Começamos a experimentar nossas ideias em alguns ambientes públicos. Até então as fotos eram todas feitas em ambientes internos, principalmente no meu quarto. Foi tudo muito novo e diferente porque tínhamos que lidar com a reação das pessoas e com o improviso”, conta. 
 
 
A parceria com o David Benicá foi muito importante para trazer um novo ponto de vista a sua arte, mas Lou confessa que também gosta muito de trabalhar sozinha. “No começo só tinha eu como fotógrafa e como modelo e eu achava mais fácil trabalhar assim, por que não dependeria de outra pessoa para entender e reproduzir as minhas ideias”, diz. Lou se sentia a vontade de usar seu próprio corpo e sentia que a experiência dessa maneira era mais completa. 
 
Além das fotografias, Lou também já fez algumas performances. Uma delas aconteceu no Galpão da Ufes, na qual ela ficava imóvel enquanto as pessoas atiravam bolas nela.  “As reações foram muito extremas, teve gente que ficava com pena e não jogava a bola e outros jogavam com toda a força, mas o interessante nesse trabalho era que o artista na verdade era quem jogava a bola e revelava a sua violência”, explica.
 

 
Durante a execução desse trabalho, o professor orientador estava preocupado em saber quanto tempo ela aguentaria, mas Lou queria ficar até o final e queria saber o contrário: quanto tempo as pessoas ficariam jogando as bolas até se cansarem. “Meu trabalho envolve uma certa coragem, mas prefiro me entregar ao que faço em vez de fazer pelas metades”.

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