Desde o dia 20 de maio, quando uma audiência pública apresentou o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) do Centro de Eventos de Vitória (CEV), os moradores dos bairros Mata da Praia, Bairro República, Morada de Camburi e Boa Vista aguardam da Prefeitura de Vitória uma resposta aos questionamentos apresentados quanto aos impactos viários do empreendimento.
Até aqui, apenas o Governo do Estado atendeu às reivindicações dos moradores, ao retirar do projeto a arena multiuso para sete mil pessoas e colocar no lugar um auditório para 1,2 mil pessoas. Em dois encontros com representantes da Prefeitura – o outro ocorreu em 20 de junho – os moradores expressaram preocupação com a mobilidade urbana na região e exigiram a rediscussão do projeto.
Representantes das associações de moradores apresentaram o projeto do CEV a especialistas das áreas de engenharia e arquitetura. Elaborou-se, então, um conjunto de demandas para abrandar os impactos do trânsito, como a duplicação da Avenida Adalberto Simão Nader e a construção de via local em frente aos Bairros República e Mata da Praia. A prefeitura apresentou a construção de mergulhão ligando as avenidas Dante Michelini e Adalberto Simão Nader e a de viaduto ligando as avenidas Fernando Ferrari à Adalberto Simão Nader.
Um documento assinado pelas associações de moradores de Mata da Praia, Bairro República, Morada de Camburi e Boa Vista, e lido na audiência de junho, pleiteava a conclusão de todas as intervenções viárias antes do início das obras do CEV.
Questionou-se também os dados apresentados pelo EIV. Para os moradores, são dados desatualizados, que desconsideram a localização do acesso ao Aeroporto de Vitória pela Adalberto Simão Nader, onde será localizado o novo terminal de passageiros, o de carga e os hotéis; e o crescimento de 6% ao ano da frota veicular da capital.
Mas até aqui não houve resposta do poder municipal. Na última semana, o projeto do CEV foi colocado em pauta no Conselho Municipal do Plano Diretor Urbano (CMPDU) mesmo estando sob pedido de vistas e baixado em diligência pelo conselheiro Sérgio Amaral.
Regimentalmente, o correto seria a prefeitura responder à diligência para finalmente o conselheiro emitir seu voto, sem o qual o processo não poderia ser aprovado pelo CMPDU. Aliás, é importante destacar: mesmo com o anúncio de início das obras do CEV para outubro, o projeto do empreendimento ainda não foi votado pelo conselho, nem o EIV aprovado pelo mesmo.
O processo de implantação do Centro de Eventos de Vitória começou com atropelos. A licitação veio antes das audiências públicas: em dezembro de 2013, o Diário Oficial registrava a empresa Andrade Vallafares Engenharia e Construção Ltda como vencedora do certame para construção do centro, com prazo de execução de 720 dias. As audiências só viriam em maio e, mais uma, por pressão da comunidade, em junho, como citado acima. A legalidade da licitação e a contratação do CEV também são questionadas pelas comunidades.
A pergunta que a comunidade se faz é: como a Prefeitura de Vitória vai aprovar um projeto que pode agravar ainda mais o problema da mobilidade urbana da cidade? O receio é que as obras sejam iniciadas sem solucionar os impactos viários.
“A prefeitura não respondeu nada dos nossos questionamentos. Acho que o município não está acostumado a uma gestão compartilhada, há um déficit democrático muito grande. Não se pode querer aprovar um projeto ignorando as reivindicações da comunidade”, critica o Sandoval Zigoni, presidente da Associação de Moradores de Mata da Praia (AMMP).