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Família prepara homenagem ao músico Maurício de Oliveira

A nova geração de violonistas capixabas talvez não saiba, mas deve muito a Maurício de Oliveira, considerado o maior músico do Estado. Ele foi pioneiro na criação de uma escola de violão clássico no Espírito Santo. “Quem toca violão hoje por aqui deve muito a ele, que abriu esse caminho”, diz Tião de Oliveira.
 
Devido ao Mal de Alzheimer, Maurício faleceu em 2009 e, além da sua obra diversificada, deixou de herança uma família de músicos, entre netos e filhos, que se interessaram pelas notas musicais. O filho, Tião de Oliveira, foi o único que seguiu carreira e hoje está aposentado. Para manter viva a memória do pai e levar suas composições para a nova geração, a família do músico está organizando um Songbook, com a sua obra completa e a partitura de cada canção. 
 
Tião ficou responsável por digitalizar todas as partituras do pai, até então manuscritas. “Ele não compunha apenas para violão, mas para orquestras também, então algumas composições mais recentes não foram executadas ainda e eu estou revisando. Aquelas que já foram executadas também serão reescritas, porque em sua execução há algumas mudanças que eu preciso alterar no papel”, explica Tião.
 
Maurício de Oliveira nasceu em uma humilde residência perto do Forte São João, atual Saldanha da Gama. Cresceu em uma família de pescadores que, apesar do intenso trabalho, sempre conseguia um tempo nos finais de semana para fazer música. Ainda com cinco anos, Maurício ganhou um cavaquinho e em poucos meses já estava tocando. Aos 12 anos, seu irmão José percebeu que já era hora de Maurício avançar na música e lhe deu de presente o seu primeiro violão. 
 
Juntos os dois irmãos fizeram muitas apresentações, até que Maurício partiu para a carreira solo. O seu talento e carisma lhe propiciaram diversas apresentações, tanto em Vitória como no Rio de Janeiro, com músicos consagrados como Orlando Silva, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Altemar Dutra, Artur Moreira Lima e Grande Otelo.
 
O músico dedicou toda a sua vida ao violão e foi um dos primeiros brasileiros a gravar toda a obra de Villa-Lobos. A originalidade e belezas das suas canções também lhe renderam prêmios internacionais. Em 1995, sua música o levou para Varsóvia, Polônia, onde ocorreu o Festival Internacional do Violão para a Juventude. No festival, ele conquistou o 2º lugar, com a interpretação de sua música mais famosa: Canção da Paz
 
Esse amor pela música Maurício fez questão de passar para a sua família – Tião tem outros três irmãos, Ludmila, Heloísa e Luiz Maurício.  “Eu tenho muitas lembranças do meu pai compondo dentro de casa, sempre muito metódico e perfeccionista. Muitas vezes ele me chamava para tocarmos juntos e esses foram os momentos mais importantes do meu aprendizado. Com certeza ele é o meu eterno mestre e maior influência”, conta. 
 
Tião também conta que o pai precisou batalhar muito para chegar aonde chegou, e que mesmo com o talento que tinha, acreditava que apenas com dedicação e muita prática conseguiria atingir a perfeição. “Ele é um exemplo de superação para mim e para todos os músicos, a lição que ele deixou foi nunca desistir dos sonhos e batalhar por eles com muito estudo e dedicação”, diz. 
 
O Songbook que a família deve finalizar e lançar ainda este ano não é a primeira homenagem ao violonista. Maurício já o teve o seu disco mais famoso O Pescador de Sons reeditado em 2010 e possui uma biografia O Pescador de Sons, escrita pelo jornalista Marien Calixte, que também serviu de base para um documentário sobre a sua vida, dirigido por Clóvis Mendes.

A intenção é oferecer o Songbook às escolas de música e, posteriormente, disponibilizar para vendas. 

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