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?? margem da mobilidade na Grande Vitória, cicloativistas organizam ações para o Dia Mundial Sem Carro

Embora seja a estrela contemporânea entre os modais de transporte, a bicicleta ainda vive às turras com as ruas da Grande Vitória, onde o transporte individual motorizado reina absoluto. Ou melhor: na verdade são as ruas que vivem às turras com as bikes. A prova está em uma infraestrutura cicloviária visivelmente precária e no histórico de mobilizações recentes dos cicloativistas capixabas para denunciá-la. 
 
Já houve reunião com o governo estadual para cobrar a implantação de uma ciclovia na Terceira Ponte (cuja licitação de estudo de viabilidade e projeto executivo foi publicado no Diário Oficial); a outorga a Vila Velha do certificado de “Cidade do Espírito Santo que Mais Mata Ciclistas”, após a morte de dois ciclistas em duas semanas, em julho e agosto; um mutirão em Vila Velha para fabricação artesanal de placas de trânsito; a defesa da ciclofaixa da Avenida Jair de Andrade, em Vila Velha, cujos comerciantes defendiam a remoção; e a intervenção requerendo uma ciclovia na região das Docas, no Centro de Vitória.
 
A relação ainda é hostil, mas pelo menos, na próxima segunda-feira (22), quando se festeja o Dia Mundial Sem Carro, as ruas poderão se reconciliar com as bicicletas. Cicloativistas preparam ações e atividades para reforçar, mais uma vez, o quanto a mobilidade da Grande Vitória ainda é planejada e executada para os carros. Quem diz isso é o crescimento da frota veicular na região. 
 
Entre junho de 2004 e junho deste ano, quando saiu o mais recente levantamento de frota do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o número de veículos nos quatro principais municípios da Grande Vitória cresceu incríveis 124%. Há 10 anos, 304.402 mil veículos circulavam por Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória; até junho passado, eram 682.707 mil.
 
Analisando caso a caso, cidade a cidade, vê-se como se deu a explosão: a frota de Cariacica mais que dobrou (53.535 para 134.997), a da Serra quase triplicou (56.137 para 165.312), a de Vila Velha mais que dobrou (89.965 para 194.120) e a de Vitória cresceu a olhos vistos (104.765 para 188.278).
 
Uma das ações, por exemplo, vai transformar vagas para carro em área de lazer e convivência em Vila Velha, iniciativa conhecida como Vaga Viva. Entre às 9h e 17h, um trecho da Avenida Champagnat, no Centro, em frente à Caixa Econômica Federal, será tomado por pufes, cadeiras, tapetes, música, guarda-sóis e plantas. 
 
A Marcha das Bicicletas, que sairá do campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a partir das 19h30, vai oferecer às pessoas a chance de experimentar um modo alternativo de transporte, como pede o Dia Mundial Sem Carro, saindo pelas ruas de Vitória. O trajeto será definido na hora.
 
Em sua página do Facebook, o grupo Ciclistas Urbanos Capixabas (CUC) postou um vídeo com um pedido humilde à Prefeitura de Vitória: liberar no Dia Mundial Sem Carro as ciclofaixas da cidade que funcionam aos domingos e feriados. Por ora, é só um vídeo, não houve uma solicitação formal ao poder municipal. 
 
Cicloativistas também pensam em fazer um protesto em frente ao Ministério Público Estadual (MPES), quando estará acontecendo a reunião entre representantes do órgão, da Rodosol, da Agência Reguladora de Infraestrutura Viária (Arsi), da Secretaria Estadual de Transportes e Obras Públicas (Setop) e das prefeituras de Vitória e Vila Velha para discutir os congestionamentos da Terceira Ponte.
 
O Dia Mundial Sem Carro propõe uma reflexão sobre os impactos do excesso de carros nas ruas sobre a mobilidade urbana e um deles é justamente degradar a relação entre carros e ciclistas nas cidades. A Grande Vitória, por exemplo, cresceu planejada para os carros. 
 
A ausência de ciclovias e ciclofaixas, como na região das Docas, em Vitória, que registra um grande fluxo de trabalhadores ciclistas, ou uma rede cicloviária articulada e estruturada, com sinalização para carros, pedestres e ciclistas, põe constantemente a segurança dos ciclistas a perigo. Na ausência de uma via exclusiva, o ciclista vai para a rua e se depara com outro inconveniente: a velocidade dos carros. 
 
Muitos desconhecem o artigo 201 do Código Brasileiro de Trânsito (CTB), que determina a guarda de 1,5 metros de distância lateral ao passar ou ultrapassar bicicleta. Campanhas educativas poderiam contornar o problema e melhorar a relação motorista/ciclista. 
 
Mas a Grande Vitória também se ressente de tais iniciativas. O Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES)  até veiculou uma campanha com o mote “Compartilhe a Rua”, barrado, porém, pelo Conselho Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Cetran-ES). Aí fica difícil.

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