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Camila é única a expor problemas do modelo de desenvolvimento do Estado

Dando continuidade ao que propõe em seu plano de governo, a candidata do PSOL ao governo do Estado, Camila Valadão, ampliou o debate sobre o modelo ultrapassado de desenvolvimento econômico vigente no Espírito Santo. No debate dessa terça-feira (30) na TV Gazeta, o principal alvo dos questionamentos foi o atual governador e candidato à reeleição, Renato Casagrande (PSB), que prosseguiu com os planos iniciados no governo do antecessor, o também candidato Paulo Hartung (PMDB), que visam à internacionalização da economia e parcerias com as elites capixabas.

Em duas oportunidades, com temas sorteados pelo mediador, Camila tratou respectivamente dos assuntos meio ambiente e agricultura. Na primeira pergunta, colocou em evidência a autorização dada pelo governo do Estado para o funcionamento da oitava usina da Vale, mesmo sendo a sociedade contrária à ampliação do complexo de operações da mineradora. A Licença de Operação (LO) da unidade foi emitida no ultimo údia 15 de agosto, pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). A candidata do PSOL evidenciou o convívio diário, sobretudo dos habitantes da Capital capixaba, com o pó preto e, por conta disso, questionou Casagrande sobre seus compromissos com a saúde e a qualidade de vida do cidadão.

 
Em resposta, Casagrande divagou sobre temas como o fortalecimento do Iema e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Seama), além da criação da Agência Estadual de Recursos Hídricos, sem, no entanto, abordar o tema da poluição atmosférica. Disse apenas que a sociedade civil está representada nos conselhos estadual e regionais de meio ambiente no processo de licenciamento de empreendimentos como a oitava usina, analisando pareceres e documentos de funcionários do Iema. Para ele, esse processo é desenvolvido com responsabilidade e representa o alinhamento do desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.
 
Casagrande também citou outras ações, fugindo do debate direto contra os grandes empreendimentos, como o Programa Reflorestar, afirmando que este preserva nascentes e leitos de rios quando, na verdade, é financiado pela Aracruz Celulose (Fibria) e seus monocultivos de eucaliptos, forma de manejo que contribui para o empobrecimento do solo e secura dos corpos hídricos. O governador também defendeu seu programa de adaptação e enfrentamento às mudanças climáticas, com o exemplo da assistência à população nas grandes chuvas de dezembro último. 
 
Camila voltou ao tema, lembrando da tentativa de remoção das populações tradicionais do município de Anchieta (litoral sul do Estado) para a construção da Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), as comunidades impactadas pelo Estaleiro Jurong, no vilarejo de Barra do Riacho, em Aracruz (litoral norte do Estado), e a própria população de Vitória que, não bastasse sofrer com o pó preto e problemas respiratórios, ainda arcará com os custos da construção de mais uma usina. “Temos dito desde o início do processo eleitoral que o modelo de desenvolvimento econômico adotado no Espírito Santo não é um modelo voltado para as pessoas. Prioriza apenas os grandes empreendimentos”, avaliou.
 
O último argumento de Casagrande foi de que houve diferenciação entre o governo de Paulo Hartung, entre os anos de 2003 e 2009, e seu governo, que começou em 2010, do ponto de vista do desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Mas não detalhou, até por conta do curto tempo de tréplica, quais seriam essas diferenças.
 
A priorização do agronegócio em detrimento da agricultura familiar, que ocorre não somente no Estado, mas em todo o território nacional, foi o tema que norteou outro questionamento da candidata do PSOL. Camila perguntou ao atual governador quais são suas propostas para o desenvolvimento da agricultura. Em resposta, Casagrande afirmou que em seu governo dobraram os valores dos créditos disponibilizados para a agricultura, reconhecendo o papel do governo federal nessa disponibilidade de recursos, tanto para a agricultura familiar quanto para o agronegócio. Depois, expôs que o fato de levar telefonia móvel e internet ao interior do Estado, para ele, dá uma ideia do compromisso de seu governo com a agricultura familiar e com a geração de renda no campo.
 
“Infelizmente a agricultura familiar, portanto, investir nas famílias, não é prioridade desse modelo de desenvolvimento do Espírito Santo”, rebateu a candidata do PSOL. O modelo, reforça, prioriza sempre os grandes empreendimentos, provocando um grande êxodo rural e dificultando a permanência dos agricultores no campo.
 
Camila expôs que, de forma contrária, seu plano de governo prevê atenção especial à agricultura familiar pautando, também, o acesso à terra. Esse tema, a reforma agrária, como considerou a candidata, continua central e vivo no Brasil. A candidata do PSOL também considerou necessário o enfrentamento ao uso de agrotóxicos, eliminando o veneno do território estadual. Embora estivesse o debate em outro assunto, Casagrande aproveitou o tempo restante de réplica para responder a uma questão anterior levantada por Paulo Hartung.
 
Camila retomou o assunto na tréplica, se referindo ao pronunciamento anterior de Casagrande como uma “troca de farpas entre os sócios, que muitas vezes não pautam o tema central do Estado, que interessa realmente às famílias”. Retomou o tema da agricultura familiar, evidenciando que o foco de sua campanha é criar condições para que a população camponesa permaneça no campo, criando políticas públicas para a juventude, que muitas vezes precisa buscar nas cidades as oportunidades que não existem no campo.

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