No dia 16 é comemorado o Dia Internacional da Soberania Alimentar. O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) organizará, na semana da data, mobilizações diárias em todo o Estado como parte da Jornada Nacional pela Soberania Alimentar, para dialogar com a sociedade a respeito de temas que interessam aos camponeses. Desta vez, a novidade é que o diálogo será ampliado, também, aos trabalhadores urbanos.
“Tudo indica que 2015 será um ano de muita luta da classe trabalhadora”, retrata a liderança do MPA, Valmir Noventa. “A mobilização é nacional e estadual. Unir os trabalhadores do campo e da cidade em torno de temas que são pertinentes às duas realidades é criar condições para que a luta seja intensificada”.
A prioridade da Jornada pela Soberania Alimentar é o debate dos trabalhadores rurais e urbanos com toda a sociedade, discutindo temas como o uso da água, reforma agrária, transgênicos e uso de agrotóxicos, que são pertinentes a todo o conjunto da sociedade. Como se trata de uma mobilização com foco na classe trabalhadora, a programação também abrangerá a discussão sobre os direitos dos trabalhadores do campo e da cidade.
Soberania alimentar é uma das principais lutas do MPA e significa a produção e comercialização de comida diversificada, sem uso de venenos, que respeite o meio ambiente e a cultura local. A soberania alimentar também é apontada como a solução para o combate à fome, que aflige 50 milhões de brasileiros todos os dias. Para o MPA, é uma contradição que um país onde milhões passam fome abrigue multinacionais que atingem lucros exorbitantes, produzidos no próprio país.
No ano passado, mais de 1.500 camponeses de 30 cidades do Estado ocuparam a Capital por uma semana, quando se reuniram com o governador Renato Casagrande, com o secretário estadual de Agricultura, Ênio Bergoli, e com as gerências da Secretaria de Estado da Educação (Sedu). A soberania alimentar, a valorização do produto proveniente da agricultura camponesa e o incentivo a esse modelo de cultivo foram os temas centrais. As principais reivindicações incluíam a reabertura das escolas rurais, ampliação do sistema de educação no campo, revisão em programas de reflorestamento e desburocratização dos sistemas de agroindústrias familiares.
Durante todas as caminhadas, os militantes convocavam os trabalhadores da cidade a se juntarem na luta pela defesa da agricultura camponesa, alertando sobre os perigos dos alimentos transgênicos – que podem causar alergias, dada a falta de informação sobre seus genes, além de exigir um maior uso de agrotóxicos para sua produção – e dos alimentos contaminados com agrotóxicos, que podem causar doenças como cânceres tanto em quem os aplica como em quem os consome.
Os camponeses também aproveitaram a ocasião para organizar um repúdio à Monsanto, grande multinacional produtora de transgênicos e agrotóxicos; à Aracruz Celulose (Fibria), que explora território dos camponeses, índios e quilombolas para fazer o plantio indiscriminado do eucalipto no Estado; e à Vale e às demais mineradoras.