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??s vésperas do pleito, capixabas ainda não entraram no clima das eleições

Fotos: Leonardo Sá/Porã
 
Às vésperas do pleito deste ano, quando os eleitores já deveriam preparar suas “colinhas”, muitos capixabas ainda não escolheram a maior parte de seus candidatos. No Estado, o clima é de insatisfação e pouco interesse na política, o que leva a muitas dúvidas na hora de votar. Esse desinteresse é reflexo do descrédito do eleitorado com relação à política e ao potencial de mudança no cenário após as eleições.

Essa falta de confiança do eleitor brasileiro na política foi avaliada pela pesquisa Radar – Ideia Popular, divulgada em setembro deste ano. A pesquisa, que ouviu mais de 29 mil pessoas em 129 cidades do País, revelou que apenas 8% da população acredita que os candidatos vão promover as mudanças necessárias no país.

Quando perguntados sobre o que deve mudar para que as transformações aconteçam, 63% acreditam que deve se mudar a forma de governar e o governante. Para a maior parte do brasileiro, a renovação dos quadros políticos não basta, é preciso ter uma nova postura frente aos órgãos públicos.

A pesquisa Brand/Século Diário, divulgada nessa quinta-feira (2), também aponta dados preocupantes no Estado. Na pesquisas espontânea, 49% dos eleitores ainda não sabem ao certo em quem votar na eleição para senador, e 21% para governador. Para os cargos de deputado estadual e federal, esse “desinteresse” tende a ser ainda maior.

 
Nas ruas, esse sentimento é ainda mais visível. Elvis Thierll Prudencio faz parte da parcela de eleitores que não acredita que as eleições podem promover mudanças e, por isso, não está muito interessado nas eleições. Ele trabalha como carreteiro e ainda está indeciso em quais candidatos irá votar. “Se o voto não fosse obrigatório, eu não votaria”, admite Elvis, que mora em Colatina, noroeste do Estado.

Verônica Gomes, cabeleireira e moradora de Santo Antônio, em Vitória, percebe que a população, assim como ela, não tem muito interesse nas eleições. Para decidir o voto, ela busca aqueles candidatos que já são conhecidos e fizeram algo por seu bairro: “Todo mundo promete alguma coisa, mas é bem difícil alguém cumprir. Ai olhamos as propostas, aquele que a gente consegue confiar um pouquinho mais, e aceita”.

Marilene Bolsanelo é exceção. A moradora de Campo Grande, em Cariacica, diz ter muito interesse nas eleições e grande preocupação com o futuro do País: “Eu não sei se vai melhorar, mas temos que tentar”. Ela acredita que o país precisa de mudança e de mais participação política, mas percebe que esse não é o sentimento geral dos brasileiros.

 

Todos os entrevistados acreditam que esse desinteresse é reflexo da falta de confiança na política. Reinaldo Constance é um desses eleitores que, apesar de acreditar no poder do voto, se sente desmotivado com a politica atual. Ele já decidiu todos os seus votos: “Muitos deles por falta de opção, escolhi o menos pior”, confessa.

Mesmo nos bairros mais nobres da Capital, a revolta com a política atual é latente. Alexandre Tessinari é morador da Praia do Canto e se considera muito politizado. Ele busca informações sobre as eleições e o passado de cada candidato para fazer suas escolhas. “Vou filtrando. Se sobrar uma opção, alguém novo, e que não esteja envolvido em nenhum escândalo, ele tem meu voto”. Para Alexandre, a maior parte dos eleitores votam de acordo com interesses pessoais, e não de acordo com o que é importante para o País.

Mariane Magevski, também moradora da Praia do Canto, diz que é importante avaliar os projetos dos candidatos para as regiões mais esquecidas, como o interior do Estado. A dentista acredita que mudanças são necessárias e que todos precisam fazer sua parte. “Eu acho que a população brasileira não acredita que alguém pode mudar alguma coisa”, afirma Mariane.

Está claro que as eleições de 2014 não refletiram as mobilizações que ocuparam as ruas em junho do ano passado. A população acredita cada vez menos que as eleições e a política (e os políticos) possam transformar sua realidade. 

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