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As eleições deste ano não trouxeram notícias animadoras para a luta ambiental. O panorama, desde o executivo ao legislativo, é desanimador. O que teremos nos próximos quatro anos é uma reedição do modelo econômico implantado no Espírito Santo há décadas, com muitos favorecimentos, negociatas e acordos a portas fechadas e, salvo raras exceções, o absoluto silêncio da classe política, leia-se: omissão.
 
O modo de operar do governo eleito Paulo Hartung (PMDB) e suas relações restritas com os grandes projetos já são conhecidos dos capixabas. Defensor do ES 2030, Hartung seguirá com sua política do desenvolvimento a qualquer custo, ditado pelos empresários, que o acompanham desde sempre. Junto vêm os licenciamentos concedidos em tempo recorde, independente do passivo ambiental dos empreendimentos em questão, e os projetos empurrados goela abaixo das comunidades impactadas, que não têm voz nos processos. 
 
Durantes as gestões de Hartung, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema)/Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Seama) atuaram como peças fundamentais para operar esse sistema de interesses. Cargos que, não à toa, foram ocupados por pessoas de sua inteira confiança. A expectativa agora é sobre quem será o próximo a comandar a pasta, uma das mais estratégicas para o modelo implantado no Estado. 
 
No Senado, se juntará a Magno Malta (PR) e Ricardo Ferraço (PMDB), a deputada federal e senadora eleita Rose de Freitas (PMDB). Assim como eles, Rose não atua na área ambiental. Pelo contrário. Votou a favor da flexibilização do Código Florestal e contra a proteção das florestas e, nessas eleições, se aliou aos grandes da mineração, por meio de seu primeiro suplente, Luiz Pastore, empresário do ramo. Rose será peça fundamental na votação do Código da Mineração, que sequer considera as questões ambientais.
 
Já na Câmara dos Deputados, a bancada capixaba nunca disse a que veio nas questões relativas ao meio ambiente. A única que faz esse papel é a deputada federal Iriny Lopes (PT), que não foi reeleita. Em tempos passados, o atual prefeito da Serra, Audifax Barcelos (PSB), assumiu postura crítica às poluidoras Vale e ArcelorMittal, mas logo saiu da Casa e ficou por isso mesmo. 
 
Dos eleitos, dá para esperar alguma coisa? Sérgio Vidigal (PDT), Lelo Coimbra (PMDB), Paulo Foletto (PSB), Carlos Manato (SDD), Jorge Silva (Pros), já sabemos que não. Em relação as novatos, até que se prove o contrário, é difícil criar expectativa. Avalie você: Max Filho (PSDB), Helder Salomao (PT), Evair de Melo (PV) e Marcus Vicente (PP). 
 
Já a Assembleia Legislativa, que nunca foi atuante na área e tem rabo preso com as poluidoras, continuará na mesma inércia. Na questão da poluição do ar, a única voz da Casa conquistou a reeleição, o deputado Gilsinho Lopes (PR), o que é um alento para as entidades ambientalistas. 
 
Fora ele, mesmo com 53% de renovação nas cadeiras, não há entre os eleitos representantes com histórico de atuação na área. Esperanças, se há, estão nos novatos. Mesmo assim, aparentemente, talvez dois: Padre Honorio (PT) e Prof. Sergio Majeski (PSDB)? São chutes, deixo claro.  
 
O quadro, como se pode ver, não enche os olhos nem dos mais otimistas. De todo modo, continuo no aguardo de uma surpresa, necessária e muito bem-vinda.

 

Manaira Medeiros é mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento Local e especialista em Gestão e Educação Ambiental
Fale com a autora: [email protected]

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