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Seguindo tendência nacional, MST no Espírito Santo planeja intensificar ações em 2015

A coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) já começará a debater neste ano a agenda de ações para 2015. Mas a luta pela reforma política e por uma maior articulação com outros movimentos sociais estão no topo da lista de prioridades do movimento para o próximo ano, como afirmou Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST, à reportagem do Valor Econômico desta segunda-feira (27).
 
Como lembra a reportagem, o MST não indicou o voto a nenhum dos candidatos no primeiro turno, mas declarou apoio à presidente reeleita Dilma Rousseff no segundo turno. Aécio Neves (PSDB), também candidato ao pleito, foi considerado uma ameaça às conquistas obtidas pela luta dos trabalhadores nos últimos anos.
 
A atuação dos movimentos sociais, como mencionou o coordenador nacional do MST, deverá ser impulsionada sobretudo por dois motivos: a nova e ainda mais conservadora composição do Congresso Nacional e o esgotamento do modelo de crescimento em que “trabalhadores e patrões ganham”. Esse modelo, como evidenciou a reportagem, foi inaugurado pelo PT e defendido em parte no discurso de Aécio Neves.
 
Já o conservadorismo no Congresso é representado por um aumento de 33% na bancada ruralista, principal setor que se opõe à bandeira central do movimento, que é a reforma agrária. Esta, para a liderança, dificilmente será proposta pelo Executivo ou Legislativo, sendo uma mudança “que só vai acontecer de baixo para cima, por uma pressão da sociedade”.
 
Ao Valor, Gilmar Mauro afirmou que foram pontuais as medidas adotadas pela gestão petista nos últimos 12 anos em favor das famílias mais pobres. Avaliou, ainda, que “o que o PT fez não foi reforma agrária, foi política de assentamento”, citando a criação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a maior facilidade de acesso ao crédito para consumidores de baixa renda e “algumas desapropriações” no primeiro mandato do ex-presidente Lula.
 
Em âmbito regional, a coordenadora do MST no Espírito Santo, Ednalva Moreira Gomes, reiterou a posição da liderança nacional e reafirmou que o novo mandato da presidente Dilma não significa uma solução para o país, já que a questão fundiária foi esquecida durante os 12 anos do governo do PT. “A posição desse governo não é de agilizar a reforma agrária. Além disso, temos um Congresso eleito ainda mais conservador e ruralista, em um país em que a maioria das terras agricultáveis estão dominadas pelo capital estrangeiro ou pelo agronegócio”, considerou.
 
O MST no Estado ainda não formalizou o foco das lutas para o próximo ano, mas deve ser mantida a continuidade da luta fundiária. Como afirmou João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, o ano passado foi o pior ano da reforma agrária no Brasil. No período, apenas 159 famílias foram assentadas e menos de dez imóveis desapropriados em todo o País.
 
O Espírito Santo acompanha a realidade nacional. Desde 1991, o governo do Estado não destina novas terras à reforma agrária. O MST e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) criticam os investimentos feitos em programas destinados ao campo, que somente beneficiam grandes propriedades destinadas à exportação, que fazem uso contínuo de agrotóxicos, visando ao lucro, não à qualidade alimentar. As lavouras de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria) e de cana-de-açúcar são apontadas, em território capixaba, como as principais vilãs da reforma agrária.

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