Em setembro deste ano, a Prefeitura de Vila Velha desmatou uma área de aproximadamente 2,5 mil metros quadrados na encosta do Morro do Moreno, em Vila Velha, para a construção de um estacionamento planejado para atender à demanda do Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes), situado à esquerda do local desmatado.
Na época, o ambientalista Lupércio Araújo, do Instituto Orca, lembrou que a encosta desmatada é parte da área de escoamento de toda a água da porção leste do Morro do Moreno, onde antes da urbanização da cidade existia um rio. Na atualidade, quando chove, é possível ver o caminho do antigo rio, que se forma no mesmo local, passa pelo Clube Libanês, e deságua no mar. Na época, o ambientalista alertou para o risco para os pacientes e funcionários do Crefes, já que, sem a proteção da encosta, a área se torna ainda mais vulnerável a pedras e grandes quantidades de terra que podem despencar do morro com as fortes chuvas.
Pois nessa quinta-feira (30), com as fortes chuvas que acometeram a Região Metropolitana da Grande Vitória, formou-se o rio que é resultado do escoamento da água da porção leste do Morro do Moreno. A água invadiu não só o estacionamento e a rua do Crefes, mas também a enfermaria do centro. De acordo com frequentadores do local, as dependências do Crefes não alagavam em outras ocasiões de fortes chuvas.
A área que foi desmatada pertence ao governo do Estado e é contígua à Área de Preservação Permanente (APP), que pelo Código Florestal Brasileiro é definida como encostas ou partes destas com declividade superior a 45°. A vegetação se dividia entre trechos nativos e trechos em recuperação, com árvores que chegavam a 10 metros de altura. O desmatamento foi autorizado pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), que na época descartou a possibilidade de desmoronamento da encosta.