Muitos rios vivem hoje apenas na memória. As águas profundas e cristalinas se tornaram parte da história do que hoje se conhece apenas o pouco que sobrou. Procurando resgatar esses rios que desapareceram, os artistas Julio Tigre e Gabriel Borem criaram o projeto Nó5, uma mostra de arte itinerante que vai promover intervenções em cinco regiões de boca de rios: Rio do Congo, Rio Itapemirim, Rio Doce, São Mateus (Cricaré) e Itaúnas.
Nesta quinta-feira (13), a dupla começa os trabalhos pelo Rio do Congo, um dos últimos afluentes da foz do Rio Jucu, que sofreu diversas intervenções para diminuir sua influência sobre a região alagada de sua foz, na Barra. Além disso, a ocupação desordenada em volta do rio transformou-o em um canal que serve apenas para receber os dejetos da população do entorno.
“Mais do que propor o resgatedo rio, o Nó do Congo é, na verdade, a maneira como as pessoas estabelecem o habitar, como se excluem dos processos predatórios e excluem do entorno aquilo onde estão mais presentes como agentes transformadores. O Canal não existe como um rio porque ele não é habitado de forma a tratá-lo como um ser, como um jardim que se cultiva”, explica Julio Tigre.
A intervenção artística e lançamento do projeto vão começar na Barra do Jucu, às 9h, e tomará o dia todo como suporte para a ação. A proposta é um misto de comunicação visual e happening, em que uma placa com informações e amostras de água estará instalada na ponte do canal do Congo, ao passo que durante todo dia estará disponível um pedalinho para que os interessados desfrutem de uma outra relação com o próprio canal, em outra perspectiva. Ao fim do dia haverá apresentações sonoras e musicais.
Foram três meses de pesquisas, mapeamentos e conversas com moradores mais antigos e a escolha do Rio do Congo para inaugurar o projeto foi devido à proximidade e ao fato de ser um lugar conhecido superficialmente. “Ao iniciarmos ali a pesquisa nos aprofundamos em detalhes surpreendentes referentes tanto às transformações geográfica quanto às historias locais curiosas que sempre apontavam a um tesouro escondido”, conta Julio.
Os artistas contam que o projeto Nó5 surgiu de alguns pontos em comuns que os dois já desenvolviam em suas respectivas trajetórias. Esses aspectos se relacionam a construção de um lugar , a ideia de instauração em que a obra interfere no cotidiano das comunidades e em uma proposta de arte participativa.
“Nó5, são as cinco fozes onde o encontro das águas dos rios com a águas marinhas promoverão também o encontro dos artistas com a comunidade e o reencontro dessas pessoas com esses rios. Por meio da intervenções artísticas queremos redimensionar o lugar, sob uma noção de pertencimento”, complementa.
Serviço
A primeira etapa do projeto Nó5 começa nesta quinta-feira (13), às 9h, no Nó do Congo, na Barra do Jucu (Ponte próxima ao Nosso Cantinho).