Toda cidade é formada por suas edificações, histórias e expressões artísticas que o povo daquela região desenvolve, criando a identidade cultural e geográfica de cada município. Para entender melhor as cidades, é preciso conhecer também os seus bairros e, consequentemente, seus moradores.
Esse foi o assunto pesquisado nos estudos de mestrado e doutorado da arquiteta e urbanista Maria Estela Ramos, que procurou entender mais sobre as cidades a partir da influência dos negros na cultura de Salvador (BA). Ela apresenta o resultado dessa pesquisa na palestra “Culturas e Territorialidades Negras Urbanas”, que acontece nesta sexta-feira (14), às 17 horas, no Museu Capixaba do Negro (Mucane), no Centro.
“Enquanto arquiteta e urbanista, através de minhas experiências e observações, surgiu uma inquietação por compreender como diferentes grupos humanos, com seus modos de vida, suas condições históricas, suas particularidades culturais, enfim, com suas várias formas de entender o mundo, produzem ou se apropriam da cidade”, explicou Maria Estela, que, além de Salvador, também visitou países africanos, como Luanda e Moçambique.
Cultura
Durante a pesquisa, ela identificou a permanência da cultura afrobrasileira muito forte nas famílias dos “bairros negros” de Salvador, transmitida de geração em geração, fazendo com que valores, crenças e práticas continuem influenciando a população da região.
“As culturas negras urbanas que nós estudamos inserem uma dinâmica cultura, realidade que reflete uma cidade criada, imaginada, inventada por grupos sociais negros, que também estão no âmbito do vivido e sentido, conforme seus modus vivendi. Há um jeito negro de fazer cidade”.
Resistência
Ela acredita que essas regiões da cidade são os espaços onde a cultura negra permanece viva. “Os bairros negros são suportes espaciais das resistências negras na manutenção de seus valores socioculturais, e também no que tange à luta pelo direito à cidade, ao longo da história, na construção de cidades brasileiras. Essa construção, que é coletiva, surge a partir de um movimento diaspórico africano que integra culturas e produz conhecimentos que podem contribuir para novas perspectivas do viver a cidade”.
Serviço
Palestra”Culturas e Territorialidades Negras Urbanas” acontece nesta sexta-feira (14), às 17h, no Museu Capixaba do Negro “Veronica da Pas” (Mucane) – avenida República, 121, Centro. Aberto ao público