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Delegado repreende PM que deteve ilegalmente ex-dono de hotel no norte do Estado

Na noite da última sexta-feira (21), depois de ter ocupado o Nobre Hotel, em Conceição da Barra (norte do Estado), com a família e amigos, o antigo proprietário do estabelecimento, Ivanilton Emiliano dos Santos, foi detido por um policial, identificado apenas por Cerqueira e levado algemado para a delegacia de São Mateus, no norte do Estado.
 
Investido na ideia de que o imóvel ainda lhe pertence – já que está em seu nome, e o processo para destituição ainda está transitando –Ivanilton ocupou o hotel com cerca de 20 familiares e amigos. Levaram eletrodomésticos e colchões e se instalaram no imóvel. Por volta das 18h20, uma viatura da Polícia Militar chegou ao local e, com documentos mostrando que a propriedade ainda estava em nome de Ivanilton, os policiais disseram que este era um caso para ser resolvido na Justiça e não pela polícia. 
 
No entanto, 30 minutos depois da primeira abordagem, uma segunda viatura chegou ao local e um policial militar identificado apenas como Cerqueira, fardado, mas sem identificação de patente, subiu para tentar demover Ivanilton da ideia de permanecer no hotel. Como ele disse que só sairia do local com ordem judicial, o policial deu voz de prisão e o algemou, levando-o para a delegacia de São Mateus. Chegando ao município, o delegado de plantão repreendeu o policial por ter feito uma prisão sem qualquer fundamento e liberou Ivanilton. 
 
Ivanilton conta que o hotel, que foi de sua propriedade por muitos anos, foi tomado pelo ex-juiz da comarca de Conceição da Barra, Charles Henrique Farias Evangelista. A magistrado teria articulado uma manobra para que sua irmã vencesse o leilão que vendeu a propriedade por menos da metade do valor de mercado. 
 
Ivanilton relata que está fora do hotel – que também era a residência dele e de toda a família – desde 2008, só recebendo as contas. “O IPTU [Imposto Predial Territorial Urbano] chega todos os meses para eu pagar, mas são eles que recolhem o aluguel de todas as lojas embaixo do hotel”, explica. Ele acrescenta que teve o nome incluído na dívida ativa do município por falta de pagamento do IPTU do imóvel, que permanece em seu nome, mesmo não sendo mais ocupado por ele. 
 
Curiosamente, no dia da confusão que resultou na detenção de Ivanilton, o juiz Charles Henrique, que agora responde pela comarca de Nova Venécia, no noroeste do Estado, estava em Conceição da Barra quando o policial sem identificação fez a abordagem e deteve o ex-proprietário do hotel. 
 
Quando Ivanilton foi levado para a delegacia de São Mateus, os eletrodomésticos dele foram retirados no hotel e jogados na rua. A mulher dele passou mal durante a abordagem e permanece internada até esta quarta-feira (26) no Hospital Roberto Arnizaut Silvares, em Linhares, no norte do Estado. 
 
Ivanilton conta que uma série de manobras levaram à perda da posse do Nobre Hotel, que além de funcionar como hotel, tem lojas, restaurantes e bancos no térreo, todos recolhendo aluguel. O hotel fica em frente à rodoviária, no ponto comercial mais valorizada da cidade.
 
Em 2006, para realizar reformas no edifício, Ivanilton pretendia pedir empréstimo no valor de R$ 150 mil ao Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes). No entanto, orientado por um advogado, pediu empréstimo no valor de R$ 300 mil, que não conseguiu pagar. Ele conta que a manobra começou na contração do empréstimo, já que o advogado perdia prazos de contestação até que o imóvel foi leiloado. A dívida era relativamente pequena e o proprietário estava disposto a negociar, mas a perda de prazos pelo advogado complicou a situação de Ivanilton. 
 
Em 2008, o imóvel foi a leilão e a irmã do juiz, Eliane Farias Evangelista, arrematou o hotel por R$ 701 mil, quando a avaliação do imóvel era de R$ 1,8 milhão. A informação que circulou no município foi que na época do leilão o juiz hipotecou uma propriedade em Boa Esperança, no noroeste do Estado, e vendeu uma caminhonete, o que somaria os 20% de entrada exigidos a quem arremata um bem em leilão.
 
Ivanilton alega que, como o processo de destituição da posse do hotel ainda tramita, a nova proprietária não deveria receber os alugueis das lojas pertencentes ao hotel, mas, além de receber, a irmã do juiz não paga o IPTU, deixando o ônus para Ivanilton.

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