A tradição de toda a confraternização de fim de ano promovida pela Pastoral Carcerária para os internos do sistema prisional do Estado foi quebrada em 2014. A entidade promove todos os anos uma confraternização com presos nas unidades, em que é servido o tradicional Bolo de Natal e refrigerante.
No entanto, neste ano a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) restringiu a lista de alimentos, proibindo a entrada do bolo. Uma das coordenadoras da Pastoral, Maria José Uccelli, conta que a entidade trabalha durante todo o ano com os internos, levando orientação espiritual e que é tradição celebrarem o fim do ciclo com bolo e refrigerante.
Ela diz que a Pastoral só foi autorizada a levar alimentos industrializados. Na confraternização da Casa de Custódia de Vila Velha (Cascuvv), nesta terça-feira (23), a Pastoral vai levar dois bombons para cada participante. Ela diz que a Sejus, inclusive, definiu a marca do bombom. “Tem de ser da marca Garoto”, frisou. “Dá até desânimo de chegar lá com bombom”, diz ela, salientando que é um trabalho difícil e desgastante.
Sobre a mudança ocorrida neste ano, a Sejus alega que alimentação fornecida diariamente aos presos passa por rigoroso controle de qualidade e, apenas em ocasiões especiais, a Secretaria permite a entrada nas unidades prisionais de alguns alimentos. Porém, para afastar qualquer risco à saúde dos presos, a Sejus permite apenas a entrada de alimentos industrializados, para que produtos perecíveis sejam evitados.
Celebrações
A representante da Pastoral também afirma que as celebrações realizadas com os presos durante o ano – nas unidades ocorrem cultos de diversas denominações religiosas – atrasam sistematicamente em praticamente todas as unidades prisionais.
Ela explica que o horário de início das celebrações é 14 horas e que elas devem terminar às 15h30. No entanto, o atraso é tamanho, que as celebrações têm iniciado às 15 horas, durando menos de meia hora. É importante ressaltar que esta orientação é um direito do interno, e o trabalho e voluntário.
Apesar dos percalços, Maria José não pretende deixar o trabalho. “É espinho, é pedra, mas a gente vai passando devagarzinho”, diz ela.
Quanto aos atrasos no início das celebrações religiosas, a Sejus não se pronunciou.